ederkam 21/11/2011
"Ensaios" de R.W. Emerson - uma mensagem universal
Ralph Waldo Emerson não é um poeta do quilate de Whitman. Não é um ensaísta da estatura de Montaigne. Não é um filósofo profundo quanto Nietzsche. Mas ele escreveu esse livrinho chamado "Ensaios", que na sua totalidade abarca este livro mais "A conduta para a vida" e "Homens representativos", e este livro não cabe em nenhum compartimento.
Seguindo sua máxima de que "toda grande alma é incompreensível", agiu assim nesta obra. A coerência é uma ilusão de tolos, e ele nem sequer a tenta, em consonância com seu pensamento. Porém esse transcedentalista consegue, sem formar um todo, sem organizar as partes, iluminar, pensar e produzir metáforas que extrapolam a poesia convencional.
É uma obra que não tem ranço acadêmico. Agrada literatos e até mesmo quem lê auto-ajuda. Cabe na prateleira do reacionário e do revolucionário, do velho e do jovem, e, ouso dizer, numa prateleira cristã e atéia. Não é uma obra-morna e não tenta agradar a todos, só que a autoridade tranquila desses escritos domina discretamente o leitor, e embora provavelmente ele não se proclamará um discípulo de Emerson, com certeza se sentirá mais vivo e ciente da natureza, do mundo e da conjunção de pensamentos que forma a mágica das coisas.
(Eder Kamitani)