Claire Scorzi 01/01/2020
Ngaio Marsh: A Autora Policial Voltada para Personagens
Mais uma vez temos Ngaio Marsh fazendo aquilo que tinha feito em "Prelúdio Para Matar" e que Agatha Christie de vez em quando fazia também: em meio à trama policial, aproximar-se da crônica de costumes. Aqui, a aldeia que é local do crime é apresentada com leveza (e boa escrita!) por Marsh, nos mostrando seus habitantes: personalidades, idiossincrasias, hábitos...
Se a trama policial não chega ao nível de elaboração intrincada de Agatha, nem por isso é ruim, e seu desenho das figuras encanta - pelo menos, encantou a esta leitora, e a magia repetiu-se na releitura. Gostamos deles. Nos interessamos por eles. E, de quebra, parece haver um toque cuidadoso no olhar lançado sobre a solidão de pessoas mais velhas - solidão que não é, contudo, infeliz.
Neste livro, pela primeira vez lendo Ngaio Marsh, achei uma personagem com quem me identifiquei. Até então, isso só me acontecera lendo Barbara Pym.