Alanna. 30/01/2018Sobre os clichês que nem deveriam existir Quando falamos de romance de banca, é preciso ter em mente que sim, eles são clichês, com histórias bem melosas e sem grande desenvolvimento, e até mesmo inúteis (para as más línguas e ao 'seleto' grupo de leitores 'elevados espiritualmente' e que se acreditam 'superiores demais' pra ler 'qualquer coisa' (aliás, se você é desses, mantenha distância, por favor). Mas acho que esse livro aqui reúne tudo de pior que esses livros podem oferecer.
Primeiro, aos padrões. Ele: homem rico, meio babaca, traumatizado pelo passado. Ela: mocinha do bem, humilde, que acha que pode curar toda a dor do cara, fazer dele um ser humano capaz de amar. O conflito: eles se sentem atraídos um por outro. Padrão, não é mesmo? Mas o grande problema aqui é o como como tudo se desenrola.
Só pra começar, o cara age o livro todo como se ele fosse honrado, do bem (quando na verdade ele usa as pessoas da forma que elas o usam,mas ok), e o pior, age como se fosse uma honra ele se dar ao trabalho de prestar a atenção em alguém. Durante a trama, em diversos momentos ele tem atitudes de culpar a mocinha por ela querer mais do que apenas algo passageiro, dizendo que pra ele é isso, e se ela não quiser, que caia fora. E pior de tudo, faz ela se sentir culpada pelo jeito estúpido dele, pelas atitudes babacas dele.
É muito mais triste ver a reação da moça na história. Ela simplesmente aceita toda essa carga de culpa, se culpando por não se contentar com algo que ela não quer, se culpando por não compreender os traumas dele; e sem ter um pingo de auto estima e amor próprio, como se a sua vida fosse ele, um cara que ela mal conhece como pessoa. Os autores pecam em romantizar esse tipo de coisa, e nós leitores pecamos também por normalizar coisas assim.
Acho que essa resenha é mais um desabafo mesmo: cansada de ver coisas assim serem normalizadas nos livros, cansada de querer apenas uma história leve e encontrar machismo, abusos, e outras atitudes assim em livros de romance. É pedir demais?