spoiler visualizarBringel 25/07/2016
"A história brilhante de um homem sem qualidades”.
Tema:
Neste livro, escrito em apenas um mês, Balzac apresenta uma história comovente, centrada na família de César Birotteau, camponês nascido na cidade de Tour, França, que se notabilizou em Paris, como um grande perfumista, e que soube aproveitar as oportunidades que lhe foram oferecidas, vindo a suceder o seu patrão Ragon. Casou-se com uma bela, virtuosa e trabalhadora mulher, Constance, com quem tivera a filha Césarine, também bela e educada. Birotteau era um homem honesto, porém ingênuo. Monarquista, lutara contra Napoleão, por quem fora ferido, fato que sempre mencionava com muito orgulho. Fora condecorado pelo Rei, chegando a ocupar o cargo de sub-prefeito (regional) e juiz de tribunal .
O maior orgulho de Birotteau era o seu comércio de perfumes, fabricante de dois produtos muito vendidos em sua loja “Rainha das Rosas”, denominados Pomadfa das Sultanas e Água Carminativa”.
Quando estava no apogeu de seu comércio, vivendo bem com a mulher e a filha, ao tempo em que voltava suas atenções para o desenvolvimento de novo produto, agora para conservar os cabelos, e que veio a ser chamada de “Óleo Cefálico”, cuja produção e comercialização entregou ao ex-empregado Anselme Popinot, jovem que viera a se apaixonar pela filha Césarine,. César pretendeu tomar outros rumos, chegando a fazer negócios altos, inclusive com compra de terrenos, com envolvimentos com outros “perigosos comerciantes”, ocorrendo que poucos dias após oferecer à sociedade um grande baile, em razão de homenagem recebida do Rei, viu a aproximação de seu insucesso, ao tomar conhecimento de que o principal tabelião da cidade fugira levando todo o seu dinheiro, o que o levou a situação altamente vexatória, logo sendo perseguido por seus credores. Todo esse problema foi causado por du Tillet, seu antigo funcionário de confiança, que, além de haver tentado seduzir a mulher, roubara-lhe a quantia de 3.000 francos, o que levara o comerciante a despedi-lo, sem alarde. O bom homem, querendo evitar comentários, preferiu admitir erro na contabilidade de seu comércio, mas du Tillet, não o perdoou, tanto que, tempos depois, já bastante rico, criou situações diversas para humilhar o antigo patrão. A situação de César chegou ao ponto de aceitar, para vergonha sua, o estado de falência, o que veio a ser requerido, após ser convencido pelo Tllerault, tio de Constance, que prometera lutar ao seu lado.
César, apoiado pela forte mulher e filha, passou a viver duros momentos, voltando, mesmo à estaca zero, após obter, com a ajuda do tio, Popinot, e Ragon, que a falência fosse convertida em concordata. Após momentos de dificuldades, mas confiado na força da mulher, filha e amigos, principalmente de A. Popinot, a quem César prometera a filha em casamento, mas somente depois que se reabilitasse, conseguiu meios para pagar todos os devedores, deles obtendo declaração oficial de quitação.
Assim, o força de César fora renascendo. Reabilitado publicamente, pois proclamado por todos como um homem altamente honesto, o que raramente ocorrera com outros falidos, fora recebido de braços abertos pelos amigos e mesmo por pessoas que o humilharam profundamente.
A despeito de todo esse esforço, no dia do casamento da filha, não suportou a imensa alegria ao retornar a casa que fora sua, graças à ação de Popinot, sentindo forte dor no peito, logo vindo a falecer, pois “um vaso já se rompera no seu peito, e, além de tudo, o aneurisma estrangulava o seu último suspiro” (p.. 300).
Balzac, assim, termina o romance:
“- Eis a morte do justo – disse o abade Loraux, em voz grave, mostrando César por um desses gestos divinos que Rembrandt soube adivinhar em seu quadro de Cristo chamando Lázaro à vida.
Jesus ordena à Terra que devolva a sua presa, e o santo padre indica ao Céu um mártir da honestidade comercial a ser condecorado com a palma eterna”.