Tatiana 16/10/2015
Muito legal, mas fiquei sem respostas
Vicent Kildare, o conde de Lilwith considerado um libertino de sua época, este chega com uma tremenda dor de cabeça ao baile na mansão de seu amigo, o Visconde Lincoln Bursbank, e sem vontade alguma de dançar com as moças que estão no salão em busca de fisgar o solteiro mais cobiçado da noite, Kildare simplesmente ignora cada uma delas e as troca por uma boa cama onde possa descansar de sua viagem.
Ao subir a escada ele se depara com os quadros da família do Visconde, e um o chama a atenção, uma moça correndo em um parque desconhecido, e o mesmo está torto, Kildare o arruma e entra no quarto.
Sua surpresa é tremenda ao acordar e se deparar com uma moça no quarto a qual o questiona o que ele faz no quarto dela. Laura. Sem entender o que está acontecendo, ambos tentam entrar num acordo de que a quem o quarto pertence, e Kildare descobre que está em um outro século bem à frente do seu.
Afim de desvendar esse mistério, os dois saem pelas ruas para respirar e poderem conversar com mais clareza sobre os fatos que se sucedem. Kildare se espanta ao ver carros, roupas e pessoas diferentes de sua época, como também se sente desconfortável ao passear com Laura sem que ela esteja acompanhada.
Daí pra frente eles tentam um meio de verificar o que aconteceu para que Kildare fosse transportado para o futuro e como fariam para o mandar de volta. Nesse meio tempo os dois se apaixonam, e a possível partida que os separará definitivamente à séculos de distância fazia com que os dois temessem a despedida.
Com uma leitura gostosa e divertida, M.S Fayes nos leva ao ano de 1817, onde condes, viscondes, carruagens e bailes tomam de conta da Inglaterra.
Quando Kildare se vai, Laura se vê sozinha, e tem plena convicção de ter achado seu verdadeiro amor, e meses depois da partida do conde, ela arruma um jeito de também ser transportada para o encontro do amado, claro, parecia ser loucura, mas ela volta ao mesmo lugar e refaz os passos de Kildare, tentando a sorte de que aquilo seja verdade.
A forma que a autora escreve muda de acordo com o que o narrador está descrevendo, quando fala de Kildare e seu tempo, é perceptível uma leitura mais rebuscada, de época, e quando no parágrafo seguinte ele se reporta à Laura, as frases tornam-se mais leves, com gírias do nosso século. Achei super bacana essa sacada dela em mudar a forma de escrever quando se reporta aos tempos, passado e futuro, e imagino o trabalho que deu para não se perder na escrita.
Achei que tudo aconteceu muito rápido, a aceitação de Kildare em estar no futuro e de Laura aceitar que ele tinha vindo do passado. Essa aventura, durou apenas um dia. E em um dia ela mostrou todas as coisas do mundo moderno , as quais foram bem aceitas pelo conde. Senti que seria preciso um drama maior, para toda essa aceitação, que mais fatos fossem vivenciados para que tanto Kildare como Laura não parecessem loucos ao confrontar uma realidade de viagem no tempo.
Laura no futuro era uma menina chata, de boca suja, e sem graça, parecendo uma desmiolada periguete, apesar de ser descrita como linda, sexy e exuberante. Em sua viagem no tempo ela passa a ser uma mulher madura, interessante e sua personagem ganha o seu brilho.
A trama de época passa ser divertida, Laura tentando aprender a se portar como uma dama, a se acostumar com os trajes, tudo isso é muito legal. Ao mesmo tempo ela sente falta de seu futuro, de celulares, internet, e de suas amigas.
A aceitação do casamento dos dois, acontecendo assim do nada, deixou algo vago, afinal, naquela época os casamentos eram arranjados entre as famílias, e claro, que Kildare sendo um conde, ele poderia se casar com quem quisesse, mesmo ninguém questiona quem Laura é, de onde vem e quem são seus pais e sua família. Tampouco é citado alguma história que pudesse encaixar Laura na sociedade, uma vez que era perceptível que ela não era uma dama.
Os contratempos entre Laura e seu amado aparecem quando Sissi, uma viúva, amiga da família do conde aparece, e não gosta nenhum pouco de Laura, e nem Laura dela. Daí ela planeja uma forma de tirar Laura do caminho para que possa acalentar a perda do Conde e tornar-se a nova condessa.
O sumisso de Laura também acontece de forma rápida, e nesse tempo, ela conhece o Eric , o qual é descrito como a cópia do Brad Pitt, e eu fiquei esperando que tivesse alguma ligação com o futuro ele parecer tanto com alguém da mesma época de Laura.
Ao final esperei a explicação para o quadro da escada transportar alguém para o passado e futuro, o que não aconteceu, o que me deixou meio que decepcionada, pois eu fiquei ávida em saber como um portal do tempo estava instalado em uma escada, como também o por que de o quadro de Laura , do futuro estar ali dois séculos atrás. Bom, essa explicação não veio, como também não veio nenhuma explicação do Eric parecer com Brad Pitt, o que eu “aceitei” apenas como sendo uma homenagem de fã ao ator.
M.S. Fayes consegue escrever com bastante engenhosidade um romance de época, ela domina sobre a fala rebuscada para dar esse tom elegante ao livro, mas O Retrato da Condessa merecia algumas páginas a mais sim, para que essas interrogações fossem respondidas.
Eu soube que ela escreveu tudo de maneira rápida, pois foi um conto que ela começou no blog, e os leitores que a acompanham ficavam esperando cada capítulo. Assim mesmo, como foi um livro que deu certo, que os leitores gostaram e que ela teve o contrato assinado com uma editora para ser lançado em formato físico, ele poderia ter sido editado e ter se transformado numa obra bem maior, e melhor, pois talento a escritora tem, e fãs também, pois eu também quero os seus outros livros.
site: http://www.leitoresanonimos.com.br/2015/10/resenha-o-retrato-da-condessa.html