Tatiane495 28/12/2013
"Os cadernos de don Rigoberto"
O livro é um deleite, pois leva quem o lê a um universo artístico, filosófico e literário através dos escritos de don Rigoberto.
É uma espécie de continuação do livro "Elogio da madrasta", e conta com mais detalhes da relação entre Rigoberto e Lucrecia.
Um tanto reflexivo, o livro transita entre os fluxos de consciência do (ex) marido de Lucrecia e pela devoção de Fonchito pelo pintor Egon Schiele. Ambos aguçam a curiosidade do leitor a esmiuçar o universo de várias obras artísticas que são referidas ao longo da narrativa para que este se sinta introduzido à obra literária, porém, isso é feito de uma maneira muito sutil, sem se prender aos academicismos e formalismos que permeiam as artes.
Há beleza, erotismo, sexualidade, sensualidade, sutileza e sinestesia nesta obra de Vargas Llosa, características únicas do escritor peruano. Sensações e sentimentos são despertados no decorrer da leitura, dando ao interlocutor uma vontade de que o livro não tenha um desfecho, e sim uma continuidade infinita, por conta de sua narrativa envolvente.
O tom de crítica também aparece em "Os cadernos" em modo de cartas escritas por don Rigoberto. Das artes, perpassando os esportes, a política entre outros assuntos, o protagonista não economiza enxovalhos a várias esferas da sociedade, de modo bem-humorado e perspicaz.