hanny.saraiva 13/05/2016"Eu acho que, em algum nível, nós sabemos o tipo de pessoa que vamos ser na vida"(KIM GORDON)Esse livro casa com o da Amanda Palmer "A arte de pedir". Talvez porque temos duas mulheres do rock seguindo em meio a um meio masculino e paternalista e elas querendo apenas ser, fluir. É uma boa leitura, principalmente para que mais meninas do rock possam experimentar. É um livro diário. Eu na verdade daria três estrelas e meia, mas não existe essa opção. A moça que vemos no Sonic Youth tem uma história de dor e tentativas, como qualquer moça. A mensagem talvez seja o exemplo.
Citações preferidas:
"The days we spend go on and on"
"Quando estou completamente focada no palco, tenho a sensação de estar em um espaço confinado, um brilho de sensualidade autoconfiante e alegre. Me sinto como se não tivesse corpo, também, toda a elegância da leveza sem fazer nenhum esforço. A necessidade de ser uma mulher ali nunca passou pela minha cabeça até a gente assinar com a Geffen."
"Quando você ouve discos antigos de R&B, as mulheres neles cantam de um jeito muito intenso, mandando ver. Em geral, porém, as mulheres não têm a permissão para mandar ver. É como a famosa distinção entre arte e artesanato: arte é desequilíbrio, é ultrapassar limites, é uma coisa masculina. Artesanato é controle, é delicadeza, é para as mulheres. Culturalmente, nós não permitimos que as mulheres sejam tão livres como elas gostariam porque isso é assustador."
"Nós ou rejeitamos essas mulheres ou as consideramos loucas. Cantoras que tentam ir além, que forçam a barra, tendem a não durar muito. Elas são fugazes, efêmeras, meteóricas: Janis Joplin, Billie Holiday. Mas ser a mulher que ultrapassa os limites significa que você também traz aspectos menos desejáveis de si mesma. No final do dia, é esperado que as mulheres sustentem o mundo, não que o aniquilem."
"Naquela época, e mesmo hoje, eu me pergunto: eu sou 'empoderada'? Se você precisa esconder sua hipersensibilidade, você é realmente uma 'mulher forte'? Às vezes, uma outra voz entra na minha cabeça, espantando esses pensamentos. Esta me diz que a única performance realmente boa é aquela em que você se torna vulnerável ao ir além da sua zona de conforto familiar. Eu comparo isso a ter um sonho intenso, hiperreal, em que você salta de um penhasco, mas não morre."
"Aldo Rossi, (...) acreditava que as cidades nunca abandonam suas histórias, que elas preservam os fantasmas de seu passado através do tempo."
"Pessoalmente, eu gosto quando as coisas desabam - isso é o verdadeiro entretenimento, desconstruído."
"Eu podia girar tão rápido que tudo ficava borrado, as luzes e os sons colidindo e se despedaçando ao mesmo tempo. Esse é um momento em que você perde toda a noção do seu corpo e se sente completamente carregada pela música, um momento que faz todo o trabalho, o cansaço e o tédio de excursionar valer a pena."
"Bandas são a família disfuncional definitiva."
"Houve outros, é claro - Velvet Underground, The doors - que correram riscos nos anos 1960, quando ninguém sabia para onde tudo estava indo. Antes deles, houve a Geração Beat e antes dos Beats, os artistas de vanguarda, os futuristas, o Fluxus e antes disso, o blues, a música outsider, um luto pelo que se espera, mas nunca vai acontecer, então por que não dançar e tocar e esquecer por alguns instantes que estamos todos sozinhos, no fim das contas?"