Thamyres Andrade 20/09/2016Simplicidade que encantaConfesso que comprei, principalmente, pelo título. Tudo o que envolve livro/leitor me chama a atenção. E dessa vez não foi diferente.
Em "O leitor do trem das 6h27" encontramos personagens que cativam e nos inspiram com sua simplicidade. Acompanhamos de perto a rotina de Guylain e notamos como é apaixonado pelas palavras. Ironicamente - ou não, seu trabalho é operar uma máquina de reciclagem, que tritura e destroi livros antigos. Justamente por seu fascínio, todos os dias ele pega secretamente páginas distintas que restaram do ‘massacre’ e lê seus fragmentos, aleatoriamente e em voz alta, para as pessoas no vagão do trem que o leva à fábrica em que trabalha.
Me peguei rindo em determinados momentos com os dramas vividos por Guylain e com a espontaneidade que demonstrava em determinados diálogos. Na verdade, é um personagem bem fácil de gostar, por seu carisma.
A escrita de Jean-Paul Didierlaurent (Isso é palavrão, gente?!) não é das mais fáceis de ser assimilada. Nada muito complicado, mas o autor utiliza termos e palavras que, pelo menos em mim, causaram certa estranheza. Mas nada que não dê pra ser interpretado pelo contexto.
As críticas sociais presentes em suas 176 páginas são inúmeras e, ao mesmo tempo que se mostram sutis, parecem gritar para serem entendidas. Se está acostumado com livros que te deixam sem fôlego, essa definitivamente não é uma leitura pra você. A história tem curso lento, sem grandes reviravoltas e em algumas partes dá uma imensa vontade de pular logo pro próximo capítulo. O final, apesar de um pouco corrido, causa surpresa e até faz surgir um sorrisinho de canto de boca. Apesar de achar um romance mediano, valeu a pena por me tirar da zona de conforto. Nota 3.