Paulo 01/07/2020
Gotham DPGC é uma excelente série de investigação policial, que se destaca por abordar o lado mais psicológico e humano dos policiais e, principalmente, por se passar em Gotham City. Isso porque ao colocar esses personagens para trabalhar no Departamento de Crimes Graves da cidade em que o Batman atua, os roteiristas trazem diversos dilemas únicos para os personagens: afinal, para que serve o Departamento de Crimes Graves da polícia numa cidade que tem o Batman? Mas além de suscitar esse tipo de dilema que só seria possível de acontecer em uma cidade como Gotham, Gotham DPCG vai além, trazendo dilemas e situações reais vividas por policiais, através de diálogos naturais e ácidos, explorando muito bem todo os temas que se propõe a discutir em cada arco de história, tudo de forma muito inteligente e introspectiva, o que dá muita profundidade aos policiais e ao trabalho da policia. E apesar de se passar em Gotham, a série traz esse lado investigativo policial mais pé no chão.
A minissérie é dividida em arcos de histórias fechados, que variam de duas a 4 edições, normalmente, cada. Cada história acompanha uma linha de investigação, mas o relacionamento entre os personagens e o departamento de polícia se desenvolve através de todas as edições. É basicamente um episódio de “CSI” que se passa em Gotham City, e sem muita glamourização do trabalho dos investigadores. Como a minissérie acompanha todo o cotidiano de todo o Departamento de Crimes Graves de Gotham, num primeiro momento é difícil lidar com tantos personagens aparecendo nas páginas da revista. Mas você se acostuma com o tempo. Este primeiro volume compila três arcos de histórias, um deles tendo ganhado o prêmio Eisner. A edição é um primor das histórias noir, e meu único pequeno incômodo é justamente com esse arco premiado (Meia Vida). Apesar de ser uma das minhas histórias favoritas, e tratar de um tema importantíssimo, que é o preconceito, e principalmente o preconceito dentro da polícia, a resolução deste arco me incomodou um pouco, pois diferente das outras histórias, em que todas as pistas estão presentes ao longo da narrativa e a linha investigativa converge para uma resolução que está toda contida na trama, a resolução desta história só faz sentido se você tem conhecimento da relação entre um dos policiais e um dos super-vilões de Gotham. Se você não tem conhecimento dessa relação, a resolução fica um pouco jogada, e você tem que aceitar.
Mas enfim, Gotham DPCG é recomendadíssimo, principalmente para quem gosta de uma boa história de investigação policial. Os personagens, as subtramas no entorno da história, as linhas de investigação, tudo é muito bem escrito, o que te deixa completamente vidrado na leitura, o tempo inteiro tentando dar uma de detetive, e tentando adivinhar os rumos que a história vai tomar, com diálogos naturais que tornam a leitura mais gostosa e ágil, e o “plus” de abordar de maneira orgânica o lado psicológico dos personagens e os dilemas do departamento e de seus agentes.