Diário de Bitita

Diário de Bitita Carolina Maria de Jesus




Resenhas - Diário de Bitita


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Adonai 17/04/2020

Diário de uma mulher fantástica
Ouvi falar de Carolina em algumas rodas de conversa, palestras e cursos. Descobri que um livro seu chegou a ser publicado primeiro na França, para depois ser lançado aqui. Como isso aconteceu, já que ela é brasileira? A partir dessa questão, procurei mais sobre sua vida e fui entendendo como o racismo estrutura tanto nossas vidas.

Esse livro publicado fora primeiramente, é esse: o Diário de Bitita, como ela gostava de ser chamada. Senti a obrigação de ler e deveria começar por esse livro, já que ele conta sua infância em Minas Gerais e os caminhos que percorreu até chegar na capital de São Paulo.

Uma vida sofrida torna a pessoa forte? Ou ela já é forte? Ou um pouco dos dois? Carolina Maria de Jesus é escritora, negra, morou em favela e encanta. Registro tudo isso não para diferencia-la, mas sim para marcar o espaço que a constitui. Um livro incrível, cheio de alma, recheado de Carolina e de sua voz, a qual deve ser mais ouvida por nós.
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Joao.Ricardo 23/04/2020

Autora uma GÊNIA
Uma das armas mais primitivas e eficazes que existe no mundo é a lança. Utilizada para ataques à longa distância, útil também para golpes de curta distância. É capaz de desferir cortes, estocadas. Na defesa sob a maestria de seu portador é útil para desarmar os guerreiros mais hábeis. E no cotidiano garante a subsistência e contribui para os afazeres comuns. É um artefato fruto da sabedoria humana e que transpassou seu tempo por ser uma ferramenta simples e eficaz "Diário de Bitita" é a lança de Carolina Maria de Jesus.
É uma obra capaz de desferir ataques contundentes e estocadas ferozes aos racistas; um elemento de defesa ao povo negro do Brasil; e um elemento capaz de fazer a manutenção da consciência de raça do nosso país.
Se você é branco leia, se você é negro leia. Nessa obra Carolina Maria de Jesus, mulher negra, nos revela sua genialidade que está situada em uma esfera muito além da nossa no que tange concepção de mundo. Somos lançados ao confronto direto com uma arma extremamente eficaz e que vem se mantendo afiada durante muito tempo sem perder pujança.
É nesse livro que você irá compreender questões fundamentais de raça que perduram no Brasil até o presente momento. Você irá compreender o seu lugar na nossa sociedade sob a sua identidade de cor. A obra nos remete ao começo do século XX, entre as transições das repúblicas e revela a realidade vivida pela maioria da população brasileira do sudeste naquela época, e que ainda é a realidade de muitos brasileiros atualmente (de quebra é possível compreender que a questão da escravidão é um ponto não solucionado no Brasil). Originalmente foi publicado na França, em 1982, atualmente "Diário de Bitita" volta à tona pelo lobby acadêmico que tenta sanar a dívida literária com a genia Carolina Maria de Jesus.
É leitura imprescindível para entendermos o Brasil.
Não se esqueçam - essa obra é uma lança. E uma arma mesmo quando utilizada para outra finalidade que não a bélica, nunca perde sua finalidade.
Boas leituras.
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ritita 14/07/2021

Força, esperança e luta.
Muito prazeroso ler autores nacionais do quilate de Carolina. Que perfeição de narrativa, ainda que dolorosamente dolorosa.

Carolina conta um pouco de sua sofrida infância nos cafundós das Minas Gerais, bem depois da abolição da escravatura.

Com 4 anos a "negrinha" ainda não sabe ler, mas sabe muito observar e contestar, daí a contação iniciar nesta tenra idade.
Pertencente a uma família sem eira, beira ou telha, Carolina (Bitita), e sua mãe não tem pouso certo, roupa decente e comida suficiente.
Um pouco mais velha, para subsistir com o mínimo e tentar curar suas feridas nas pernas, Carolina anda e anda por MG e interior de SP procurando qualquer trabalho onde possa comer, dormir e ganhar uns contos de réis. Ela lava, passa, cuida de casas, de crianças, cozinha (mesmo que não saiba muito), trata de bichos e plantações.
Seu maior sonho é morar em uma casa coberta por telhas - na sua imaginação é lá que moram os bem de vida.
Nesta fase da vida Bitita já tinha completado o 4º ano primário e era ávida ler para conhecer mais.
"Nossa casa não tinha livros. Era uma casa pobre. O livro enriquece o espírito. Uma vizinha emprestou-me um livro, o romance Escrava Isaura. Eu, que já estava farta de ouvir falar na nefasta escravidão, decidi que deveria ler tudo que a mencionasse."
Com a fita que me cabe, tive a impressão que Carolina colocou muito de fantasia em sua história. Não consigo acreditar que uma criança possa passar por tanto sofrimento, ainda que negra, pobre e interiorana, afinal a escravidão havia terminado.
O livro foi editado primeiramente em francês e passou por várias edições, é possível, sim, que a narrativa tenha sofrido alterações fantasiosas. No entanto, nada tira a beleza e a dor do conteúdo.
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Thaís - @comprandopelacapa 23/05/2020

Diário de Bitita
Nesse diário, Carolina vai contar sobre a sua infância, como foi pra ela crescer sendo negra e pobre em Sacramento - MG. Apesar de falar da sua infância, é preciso lembrar que o livro foi escrito pela Carolina adulta, então não é de se estranhar a linguagem, que não é exatamente infantil.
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Carolina deixa claro como o processo de crescer foi extremamente doloroso. Ainda criança foi duramente criticada e agredida por "falar demais" e ser muito questionadora. Agredida também por ser uma "negrinha feia", e essa tal feiura a excluía da "aceitação" social. Desde muito nova, Carolina aprendeu a observar e refletir sobre o que via, principalmente sobre a ação das pessoas. Se perguntava porque as mulheres brigavam tanto por homens, porque todos só pensavam em bailes, e principalmente porque o branco podia tudo e o preto não podia nada.
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Em todos os capítulos há questionamentos sobre como é viver e crescer inserida em uma realidade na qual não há caminhos diferentes a não ser aceitar a "resignação com sua condição de soldo da escravidão". Mas Carolina queria mais! Por que aceitar que sua única condição de vida seria ser empregada doméstica ou cozinheira de gente rica, que tinha prazer em a humilhar?
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Ler esse livro foi importantíssimo pra que eu pudesse entender por que mesmo alcançando uma pequena ascenção social, após conseguir virar escritora, Carolina continuou se sentindo deslocada. A vida de Carolina foi construída em cima de feridas abertas.
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"A maioria dos negros era analfabeta. Já haviam perdido a fé nos predominantes e em si próprios. (...) Quando o negro envelhecia ia pedir esmola. Pedia esmola no campo. O que podiam pedir esmolas na cidade eram só os mendigos oficializados."
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regifreitas 28/06/2020

DIÁRIO DE BITITA (1986), Carolina Maria de Jesus.

A publicação de DIÁRIO DE BITITA, de Carolina Maria de Jesus, seguiu um rumo no mínimo inusual. Em 1975, a autora, ainda em vida, cedeu a única cópia do texto a duas jornalistas francesas que vieram ao país para entrevistá-la. Em 1977 Carolina morre, e o manuscrito é esquecido durante um tempo. Até que, em 1982, vem a público uma tradução para o francês da obra. Somente em 1986 o livro é finalmente publicado no Brasil. Na época a edição brasileira não deixava claro se aquele seria o texto original ou uma versão traduzida a partir do francês. Hoje, muitos estudiosos da autora acreditam tratar-se do manuscrito original.

Com BITITA, Carolina faz o fechamento do que pode ser considerada sua trilogia memorialística. Iniciada com QUARTO DE DESPEJO (1960), o sucesso editorial deste obrigou a autora a escrever a toque de caixa o CASA DE ALVENARIA (1961), cuja recepção já não foi a mesma. Enquanto o primeiro é o relato de uma mãe solteira, moradora da favela do Canindé, que sustenta seus três filhos como catadora de material para reciclagem, o segundo conta a vida de Carolina após o sucesso comercial do seu livro, o qual lhe dá finalmente a possibilidade de conseguir comprar a tão sonhada casa própria.

Já o relato de DIÁRIO DE BITITA está situado cronologicamente num período anterior aos dois primeiros livros. Através dos olhos de Bitita (apelido de infância de Carolina) acompanhamos sua vida em Sacramento (MG), sua cidade natal, desde as primeiras memórias até a adolescência e início da maturidade, quando parte rumo a São Paulo. O fascínio precoce pelas letras e o desejo de aprender a ler, o preconceito de que foi vítima desde cedo, mesmo por parte das crianças da cidade, os conflitos familiares, são temas recorrentes do diário. Muito jovem Carolina descobriu o peso de ser negra, mulher e pobre no Brasil, sentindo na pele o tratamento diferenciado dessa população por parte das autoridades.

Trata-se de um documento essencial sobre a realidade brasileira, um relato que infelizmente só confirma como as coisas mudaram pouco no país desde então.
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Pri 11/09/2020

Sensibilidade
Este livro é uma boa pedida para quem gosta de autobiografias. Carolina conta sobre sua infância em um relato emocionante, nele percebemos que mesmo com um talento espetacular ela sempre foi colocada à margem. Recomendo fortemente!
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Caio Mário 28/09/2020

Poderoso!!
É impossível não se emocionar com a escrita e a vivência da Carolina Maria de Jesus!
Sem palavras para descrever a enormidade dessa obra!
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Eliana 16/12/2020

O livro diário de Bitida foi o meu segundo contato com a autora Carolina Maria de Jesus, diferente de quarto de despejo aqui vamos acompanhar toda a trajetória da infância da autora. Antes de morrer Carolina entregou dois cadernos a uma repórter brasileira chamada Cléria Pisa. ⁣

O livro foi lançado pela primeira vez na França, em 1982 com o nome de Jornal de Bitida e somente quatro anos depois, foi publicado no Brasil a partir da edição francesa, com o título diário de Bitida. ⁣

Como disse anteriormente nesse livro vamos conhecer como foi a infância de Carolina a sua relação com a família, o período da escola e de como surgiu o gosto pela literatura e principalmente o racismo explícito que ela sofreu ainda tão jovem. ⁣

O livro é dividido em vinte e dois capítulos, e cada um traz um título diferente que a autora narra um acontecimento importante durante a época e que fez parte da sua jornada. Carolina nos oferece uma verdadeira aula sobre política e sobre a história do negro no Brasil são vários acessíveis para que a gente entenda o por que ainda vivemos no país onde uma população negra vive em locais extrema pobreza. ⁣

Carolina teor os problemas políticos que o Brasil infrentou desde a crise de 1924. ⁣
Mesmo com o final da abolição da escravidão em 1988, é evidente o sofrimento e o descaso da população negra na década de 1920. Uma sociedade que desprezava o negro, é impossível não fazermos um povo paralelo com os dias atuais.⁣

Carolina sempre foi uma criança muito inteligente, desde muito jovem era atrevida e não levava desaforo pra casa, durante toda a sua infância Bitida como ela gostava de ser chamada, sempre foi muito maltratada pelos seus colegas de escola, pelos vizinhos e pela sua família família. ⁣

Carolina faz críticas críticas à sociedade época o racismo, as desigualdades sócias e principalmente a violência policial que marcaram a história dessa população que a muito tempo vem sendo esquecidos e marginalizados.
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Alcione.Ferreira 03/01/2021

O que aconteceu com os negros no pós abolição?
Considero o livro um importante documento histórico sobre o cotidiano da população negra no Brasil, nos pós- abolição! Leiam.
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Beca 04/01/2021

Nessário
Carolina nos dá uma aula de história e de humanidade neste livro!

Ela nos mostra como a escravidão não acabou, como só "mudou de endereço"

Carolina é de uma inteligência extraordinária, e escreve com alma! É impossível não ler e não se emocionar.

Li dois livros dela e já quero ler tudo que foi escrito por essa mulher incrível!

site: https://msha.ke/beca_fmachado/
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Karina 04/03/2021

Diário de Bitita conta a história de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra nascida no Brasil em meados dos anos 1914. Neste livro podemos vivenciar junto da autora um pouco de como foi a sua vida na infância, adolescência e na fase adulta. Bitita (como gostava de ser chamada), nos faz ver o Brasil de um jeito cru, revelando a árdua vida dos negros aqui. Uma infância pobre, em que recebia críticas de amigos e familiares, mas que nas palavras de seu avô encontrou o motivo para viver seu vida da maneira mais honesta possível.
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Karla Samira @pacoteliterario 30/03/2021

Chocante!!!
O relato que Carolina Maria de Jesus nos traz nesse livro foi arrepiante para mim. Nascida 30 anos após a abolição da escravidão no Brasil, quando criança Bitita e sua família ainda viviam praticamente na condição de escravos.

Um pouco crescida, Bitita trabalhou em diversos lugares, seja com seus familiares ou por sua conta e fiquei angustiada com o tratamento que recebeu em várias situações de sua vida.

Achei de suma importância essa leitura para aprendermos, na prática, a importância das atuais políticas afirmativas, como as cotas raciais em faculdades e concursos públicos, como tentativa de se pagar a dívida histórica que nosso país tem com a escravidão.

Sem palavras para descrever a imensidão dessa leitura. Vou indicar a todos, com certeza!!!

Para ver a resenha completa, é só clicar no link abaixo.

site: http://www.pacoteliterario.com.br/2021/02/resenha-da-karla-diario-de-bitita.html
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