Reccanello 22/03/2023EU EXISTO. EU PENSO. EU QUERO.
"O que é minha vida se sou feito para me curvar, concordar e obedecer?" É com esse questionamento que Ayn Rand termina o penúltimo e, em minha opinião, principal capítulo de seu livro. É nesse capítulo que, enfim, ela apresenta o "cântico" que também é seu título, a oração, a exortação que o personagem principal faz e na qual não apenas resume toda a obra como, principalmente, nos apela: que cada homem viva a própria vida livre, racional e orgulhosamente, sem depender dos outros e sem permitir que os outros dele dependam - "minha felicidade não é meio para nenhum fim; ela é o fim; é seu próprio objetivo; é seu próprio propósito".
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Poucas vezes, ao ler um capítulo, senti tamanho "atordoamento"; poucas vezes um texto me fez pensar tanto sobre minha própria vida e sobre o mundo que me cerca; poucas vezes tive, como fiz, que segurar o choro e a emoção ao ter a realidade assim me jogada ao rosto, de forma tão pungente, afiada, cruel e, ao mesmo tempo (por paradoxal que seja), terna e próxima. Conquanto escrita na década de 1930, a obra se mantém atualíssima e, junto com as grandes distopias ("Nós", "Admirável Mundo Novo", "1984" e "Laranja Mecânica"), é uma advertência, um apelo, um rogo, uma exortação a que deixemos de lado o "nós", o coletivismo e suas mazelas (tão conhecidas de todos que não fecham os olhos aos terrores do totalitarismo, seja ele "de esquerda" ou "de direita"), e voltemos a nos preocupar com o "eu", com nossa individualidade, com nossa razão e nossos valores, pois só assim conseguiremos sobreviver e prosperar.
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Leiam, por favor, antes que seja tarde demais!