cintia gomes 07/04/2023E o agora?Hermínia é como um mini conto (esse termo existe? eu sei lá minha gente), que irá acompanhar uma rápida aventura entre dois adolescentes como casal de ficantes na fuga da cidade em um cenário apocalíptico, que aqui é materializado na forma de uma névoa que acaba destruindo tudo que toca numa forma de dissociação quase molecular, que é descrita na experiência a ser tocado de "se desfazer".
Sinto que pela proposta e pelos diálogos, Hermínia é um tributo sobre como nos sentimos invencíveis na época da juventude, como somos sobrepostos pela avalanche de mudanças que simplesmente acontecem ou nos são impostas, agora, com um agravante dessa sensação de "final de mundo", que tem sido muito discutida ultimamente, pois, bem, se as coisas continuarem como estão, realmente será o fim do mundo, para nós pelo menos; mas mais do que isso, sinto que captura de certa forma esse desespero político e social de impotência, sufoco e desespero de não se ter perspectiva de vida constitutiva, ainda que nos termos que nos foram impostos e ditos que são feitos para que a gente "dê certo" e como isso afeta, profundamente, nossas relações uns com os outros, especialmente as românticas.
Precisamos viver como se o mundo fosse acabar amanhã, porque pelo que parece, vai mesmo.
Hermínia também, me parece um tributo do autor às próprias experiências, e talvez a um romance que o tenha marcado.
As artes são lindíssimas, ainda não compreendi alguns pontos, mas é uma boa leitura.