Cabo Verde: o ciclo ritual das festividades da Tabanca

Cabo Verde: o ciclo ritual das festividades da Tabanca José Maria Semedo...



Resenhas - Cabo Verde: o ciclo ritual das festividades da Tabanca


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JB 02/10/2009

Cabo Verde e sua cultura: algo que os brasileiros devem descobrir
Cabo Verde talvez não esteja na agenda do povo brasileiro, de seus destinos de turismo (p.ex.) mas isso não significa, e nem poderia,que historicamente essa relação tenha se estabelecido e se fortalecido de forma inquestionável.
Na época do "achamento" do Brasil, Cabo Verde desempenhou um papel fundamental como uma posessão portuguesa a meio caminho de nosso país onde era feito o reabastecimento das naus que aqui chegaram.Da mesma forma , infelizmente, Cabo Verde desempenhou um papel de rota intermediária para o tráfico de escravos rumo a todos os países americanos que utilizavam esse tipo de mão de obra.
A natureza de Cabo Verde, bela mas também inóspita, foi o deflagrador de um processo que não tem paralelos exceto por processos de rompimento bruto (revoluções, guerras...) das relações entre raças: a incorporação de pessoas da raça negra nos cargos diretivos da então colônia o que, ao contrário do que tristemente acontece no nosso país, levou a uma superação do racismo que segue como uma chaga em nossa cultura brasileira, ela mesma tão sincrética.
Outro ponto de contato interessante com nosso país foi um grau de mestiçagem que comparasse ao nosso onde o "mulato" tornou-se um tipo, senão predominante, também característico.
Todo esse universo geográfico, humano e histórico serve como base para José Semedo e Maria Turano desenvolverem um livro que dá conta de uma das manifestações mais notáveis da cultura caboverdiana, a Tabanca.
Interessante é que a Tabanca, em sua forma e conteúdo, assemelha-se e muito com várias manifestações brasileiras como a Festa do Divino, a catira, os folguedos nordestinos com forte manifestação de religiosidade cristã com elementos africanos, principalmente musicais.
Outro elemento de interesse é o primeiro capítulo onde é esmiuçado o contexto geográfico e histórico que, apesar de criticado no prefácio como extenso, é fundamental para um estrangeiro ter a dimensão do contexto no qual a manifestação se justifica, desenvolve e se consolida.
De posse dessas informações, a leitura da associação de mútuo auxílio chamado Tabanca (daí irmannarem-se com as Irmandades do Divino brasileiras e paulistas em especial) e da sua manifestação sacro-profana torna-se um ambiente fértil para o imaginar e para o perceber as semilaridades com nossa forma de ser.
Ao final, as entrevistas colocam a Tabanca em pé de igualdade com muitas manifestações culturais, principalmente em minha cidade, onde há um esforço tremendo para trazer os jovens para sua prática e para a sua manutenção. De todos os mostrados, o plano mais audacioso e mais indicador de algo que possa nos ser útil, é a pretensão de se desenvolver métodos de "sedução" dos bem jovens para que possam ser os próximos reis, rainhas das Tabancas do futuro. Espero, sinceramente, que sejam bem sucedidos!
Acredito não ser simples encontrar esse livro posto que só tive acesso à ele porque minha amada Denise encontra-se em trabalho em Cabo Verda, em Praia. Todavia, caso desejem, posso fornecer o endereço da editora para que entrem em contato. Asseguro-lhes que, ao adentrar na alma caboverdiana encontraremos muito da nossa e só por isso, todo esforço valerá a pena.
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