Hélio 11/10/2022A Proclamação do EvangelhoNeste livro, um dos maiores teólogos do século XX, Karl Barth, apresenta ótimos ensinamentos sobre a pregação, dissertando desde a escolha do texto bíblico pelo pregador à conclusão da mensagem.
Segundo Barth a escolha do texto pode apresentar-se justamente como um perigo, quando se escolhe um texto acomodado ao tema que se prefere tratar, recorrer a Bíblia para tirar dela algo que esteja de acordo com os nossos pensamentos. "É já suficientemente perigoso ter que falar com um texto particular a uma comunidade também particular e em uma situação concreta."
Ainda sobre a escolha do texto Barth diz que "Não é permitido por arbitrariamente a mão sobre a Escritura, buscar nela um texto que nos seja cômodo e que pareça convir ao que gostaríamos de dizer. O texto não pode ser tratado segundo nossos desejos. É ele quem manda, não nós. Está acima de nós e nós estamos aqui para serví-lo." Ao ler Barth falando isto, fico imaginando a quantidade de vezes em que o texto sagrado tem sido manipulado pelos os "pregadores", para darem indiretas, justificar seus pecados, e também tem sido muito comum ultimamente usar a Bíblia para se conseguir votos.
Para Karl Barth "Uma pregação não é boa se se consta que este trabalho não foi feito com seriedade. (...) Também é indispensável um respeito, uma consideração sempre renovada. Trata-se de lutar contra a preguiça intelectual do pastor demasiado ocupado e voltado para o exterior. No domingo aparece a negligência no púlpito; pois, neste momento, todo zelo que se pode ter é impotente para superar toda indolência. A este respeito, a comunidade deveria deixar ao pastor mais tempo para a preparação de sua pregação, pois para prepará-la convenientemente precisa-se de muito tempo. Por outro lado, a igreja deveria vigiar para que só se pregasse no púlpito pregações preparadas com seriedade."
Vale muito a pena a leitura de Karl Barth, porém, com ressalvas, pois, assim como em outras obras, neste livro ele também nega a inerrância das Escrituras quando "recomenda o pregador a dizer que a Bíblia se torna a Palavra de Deus." Mas, precisamos entender que Barth foi um homem do seu tempo, que havia rompido com o liberalismo teológico.