Antonio 20/04/2015
A vida doce – pitacos sobre O Dia Mastroianni, de João Paulo Cuenca
O divertido O Dia Mastroianni nos apresenta Pedro Cassavas, um frívolo pré-adulto em busca de um dia fútil.
No entanto, ao fim da aparentemente leve jornada que o pós-jovem (sem nada que preste no passado e cujo futuro parece ser o presente que vive) empreende, em boa parte dela acompanhado de seu amigo Tomás Anselmo, o leitor percebe ter sido instado a refletir sobre questões mais profundas – e pode sentir o gosto da melancolia que lhe foi enfiada goela abaixo, mas sem brusquidão, escondida sob o humor irônico do autor.
Sem alarde, no transcorrer das horas, temas como a atualidade da literatura brasileira, o culto às celebridades, a letargia da juventude, os adolescentes amores platônicos, entre outros, são levantados aqui e ali como convite à reflexão. Mas, esse com aviso prévio (a mudança de narrador), o tema que mais fortemente distancia a obra do raso das personagens que ela retrata explicita-se apenas no último capítulo: existe algo para além do que vejo?
Trecho do livro:
“Desconfiadíssimo sobre descrições de sonhos em livro, abro a porta bruscamente! Johann, o mordomo seviciador, levanta a cabeça e tenta fechar a calça de Tomás.” (p.141)
site: leioedoupitaco.blogspot.com.br