Claudio 30/07/2015
O Fio da Existência
Maugham retrata neste romance a história, segundo ele verídica, de Larry e sua busca pelo sentido da vida. Nessa caminhada alguns personagens enriquecem o conto e ajudam a formar pequenas histórias paralelas que compõe o todo. Aliás, o autor faz questão de afirmar que os nomes dos personagens são fictícios, pois no período no qual o livro foi escrito, algumas das pessoas envolvidas ainda estavam vivas.
O livro, dividido em 7 capítulos, abrange o período final da primeira guerra mundial, passa pela crise da bolsa de Nova York em 1929 e termina na antevéspera do início da segunda guerra. Possui a Europa como contexto geográfico e social principal, mas também serve-se da América do Norte, mais precisamente os Estados Unidos como pano de fundo. Na última parte do livro, nos é apresentado um pouco da cultura oriental por conta da viagem de Larry a India.
O livro é dividido em 7 capítulos. O primeiro deles é introdutório. Maugham apresenta os personagens principais que comporão o restante da história, assim como todo o contexto que a permeia. Começa sua narrativa em solo norte americano e a desenvolve na Europa pós primeira guerra mundial. Neste capítulo nos é apresentado o que viria a ser o cerne do livro, isto é, as inquietações de Larry e a busca pelo sentido da vida.
O capítulo 3 começa 10 anos após os eventos narrados nos capítulos anteriores. A grande depressão ocasionada pela ruína da bolsa de valores de Nova York, as mudanças físicas e psicológicas que os personagens sofreram durante este período formam a tônica desta parte do livro. Larry se aventura peregrinando pela Europa, se entrega aos prazeres sensuais do corpo, já Isabel casara-se com Gray.
No capítulo 5 Maugham versa sobre seu compatriota Eliot, sua degeneração por conta de uma doença. Relata a situação de Sophie e seus vícios, os mais variados possíveis.
A peregrinação espiritual de Larry e sua busca pelo sentido da vida são a tônica do capítulo 6. O autor, através do personagem, nos leva a profundas inquietações filosóficas e existências.
Por fim, o capítulo 7 é o desfecho deste romance, os acontecimentos envolvendo Sophie e o último encontro entre Larry e Maugham antes que ambos retornem aos Estados Unidos.
OPINIÃO SOBRE O LIVRO:
Esta é a primeira obra que leio de Maugham, depois de muitos anos é também o primeiro romance a que me detive, razão pelo qual resenhá-lo se torna um desafio. Segundo os críticos “O Fio da Navalha” é considerada uma obra diferenciada e intermediária do autor, onde livros como “Servidão Humana” e “O Destino de um homem” tiveram uma receptividade melhor pelo público. A leitura começa difícil para quem não está habituado ao estilo literário, mas com o desenrolar da história, logo ela começa a se tornar agradável.
Maugham é bem detalhista na composição dos personagens assim como os lugares por eles freqüentados, principalmente a geografia e cultura européia. Os protagonistas do romance formam tipos psicológicos fortes e bem definidos e o cerne existencialista permeia todo o enredo, principalmente em relação a Larry, o personagem principal do livro.
Creio ser justamente o existencialismo a grande questão que o livro nos apresenta. Talvez pelo período que o abrange, desde o fim da primeira guerra, suas conseqüências e suas seqüelas psicológicas e emocionais que em parte é relatada no livro, seja pela grande depressão com a queda da bolsa de Nova York e como isso afetou a vida de toda uma geração e, principalmente, por ter sido escrito em meio a segunda guerra mundial, é esta a impressão que fica.
Além disso, a peregrinação de Larry, uma espécie de alter ego do autor e a busca por uma paz interior e por um propósito que faça sentido para a vida em um mundo caótico reforçam essa idéia e pavimentam, por que não, a revolução cultural que o mundo sofreria nos movimentos reacionários da década de 60.
O capítulo 6 considero o mais importante e emblemático do livro. As questões que Maugham levanta através das inquietações de Larry representam a busca de todo homem pela razão de sua existência. Como se fora um grande filósofo, Maugham não nos apresenta respostas, mas sim nos provoca a caminharmos com ele na sua empreitada.
Por fim o livro termina de uma maneira muito óbvia, e a sensação que passou foi a de que o autor precisava encerrar a sua obra diante de uma certa urgência. Não por isso ele seja desqualificado, pelo contrário, pois o leitor pode ter outra opinião, outra percepção da obra que não seja semelhante a minha.
Num todo, o “Fio da Navalha” é um romance interessante que nos desafia a repensar nossas prioridades e a olhar o outro com uma perspectiva mais humana e solidária, onde talvez, ao viver desta forma, estejamos mais perto de entender o sentido da vida e o significado de nossa própria existência.
Por Claudio Amarante
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