Duda Mel @epifania_literaria 21/06/2018
Engraçado, bem escrito, surpreendente
"O temido desespero chegou devagar, tomando seu íntimo, destruindo a confiança tão duramente reconquista."
Resenha:
Apesar do quote parecer um tanto sombrio, esse é um livro que me surpreendeu justamente pelo bom humor.
Zenóbia é uma protagonista que chega cheia de diferenciais para o leitor, a qual o narrador - extremamente carismático - trata de nos apresentar e a suas inúmeras aventuras.
Primeiro, ela não é novinha. Nada disso! Acho que Zenóbia é a personagem (humana, claro) mais velha que já conheci em livros com seus setenta anos e uma personalidade forte e ousada, sem perder, claro, aquela empatia incrível.
Segundo, ela não é uma golpista ou vidente de araque. Inclusive, ela detesta esse termo "vidente" sendo possível rolar algumas palavras de baixo calão. Aliás, já falei que ela curte os rocks da pesada? Não?
Estamos falando de uma sensitiva muito capaz em ler as auras das pessoas e formada em magia por uma coleção de livros antigos sobre todos os tipos de crenças e a companhia de Zé, um ser místico e de passado desconhecido preso em sua bola de cristal que, de fato, tem as verdadeiras dicas sobre os futuros dos clientes que a visitam.
O livro tem uma escrita atual e divertida, além de muito bem discorrida, fazendo toda história parecer um enorme bate papo com o leitor. Temos uma personagem que em termos pode ser colocada como "gente como a gente".
Ok! Tudo bem que não é todo mundo que usa infinitos colares, aneis, argolas e roupas com estampas chamativas, contudo sempre tem aquela coleguinha que exagera no reboco da maquiagem, certo?
Voltando ao assunto, o livro traz as aventuras de uma sensitiva na pindaíba. Isso aí! Não está fácil para ninguém. Nossa heroína tem muitos dons, mas descobrir os números da Mega Sena não estão entre eles. Entretanto, nossa senhora faz qualquer um esquecer sua idade com tamanha bravura que enfrenta nos males do Rio de Janeiro.
Pois é! O autor conseguiu criar um paralelo perfeito da realidade com a fantasia bem na nossa terrinha chamada Brasil, mais especificamente no subúrbio carioca onde Zenóbia (não é Zulmira nem Zenaide, se errar ela fica uma fera) passa por seus maus bocados e realiza grandes feitos. Uma personagem malandra, divertida e bem intencionada, trabalhando a ideia de que todas religiões trazem fundamentos reais e aplicáveis no cotidiano, complementares.