Minha Velha Estante 31/12/2015Se você acompanha o blog, sabe que sou apaixonada pela Teri Terry! E já imaginam como fiquei quando soube do lançamento de Jogos Mentais!!!! E mais uma vez Teri não decepciona!
Nossa protagonista é Luna, adolescente que vive em um mundo distópico no futuro, onde todos vivem alterando o mundo real e o virtual. Seja para trabalhar, se divertir, fazer compras, estudar ou apenas para fugir da realidade, as pessoas passam horas plugadas a uma máquina inovadora criada pela PareCo, um braço do governo, e que é complementada pelo implante de um chip no cérebro do usuário.
“Compreendi anos mais tarde. Algumas vezes, ser diferente não é nada bom. “
Parece fantástico, não? Até seria, se tudo não fosse absolutamente monitorado pelo governo. Quando conectados, a pessoa ‘deixa de existir no mundo real’ e a única coisa que existe para ele, naquele momento, é o mundo virtual. Menos para Luna, ela tem a incrível habilidade de transitar entre os dois mundos. E é essa habilidade que vai fazer com que Luna desvende o que está por trás de toda a estrutura virtual criada pelo governo com objetivos bastante suspeitos.
“Eu me sentia como um camelo de duas cabeças naquele primeiro ano do ensino médio, segregada no show de horrores, sendo apontada nos corredores. Mas aquilo era por minha culpa, e não deles? E então me lembro de outra coisa. Eu tinha evitado falar com Melrose sobre tudo isso. Porque não podia revelar o motivo. Talvez eu não tenha percebido o que estava fazendo. “
Luna mora com seu irmão Jason, sua madrasta Sally, seu pai e Nana, sua avó paterna, que possui algum tipo de distúrbio mental que a mantem sempre fora da realidade, mas que nos poucos momentos de lucidez tenta alerta Luna para que nunca fale a ninguém que ela é diferente. Não bastasse sua habilidade incomum, Luna Ivernon é uma recusadora, ela não tem o implante. O que será que há por trás dessa advertência???
Privilegiando sempre a racionalidade acima da inteligência, a PareCo identifica talentos para trabalhar criando mundos virtuais como sua mãe, Cristal, que foi uma grande hacker. E Luna sempre temeu esses testes, fazendo de tudo para passar despercebida. Mesmo assim ela é indicada para os testes e aprovada na primeira etapa.
“O propósito não declarado, a dualidade!, é identificar indivíduos perigosos. Os inteligentes que são também irracionais, minha querida, precisam ser vigiados, e não imbuídos de responsabilidades. Para a segurança de todos nós. E o motivo, claro, é evitar que pessoas inteligentes, porém irracionais, voltem a ter qualquer responsabilidade. (...) porque inteligentes-idiotas, como eu gosto de chamar, como sua mãe, são um perigo para si mesmos e para a sociedade.”
A partir daí a ida de Luna vai virar de cabeça para baixo, segredos do passado serão trazidos à tona, grandes revelações vão acontecer, reencontros inusitados vão mudar seus conceitos e escolher em quem confiar não será uma tarefa fácil pra ela.
A Teri cria, mais uma vez, uma história inusitada. Fazendo uma crítica a necessidade humana de viver no mundo virtual e à quase dependência tecnológica, onde o ser humano esquece de olhar para o lado para ver a beleza de um pôr do sol, a autora também nos mostra o quanto é necessário saber dosar essa utilização e usufruir o seu lado bom.
Narrado em primeira pessoa por Luna, temos o prazer de conhecer melhor essa menina forte, corajosa e de personalidade marcante, que sabe o que quer e não vai se deixar manipular por ninguém.
Mesclando tecnologia e as peculiaridades do mundo nerd, com problemas típicos da adolescência, drama familiar, um leve romance e muito questionamento, temos uma história muito bem articulada, com personagens muito bem construídos ne com um final realmente surpreendente, mas absolutamente crível e, quem sabe, possível em algum momento no futuro.
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http://www.minhavelhaestante.com.br/2015/12/leitura-da-drica-jogos-mentais-teri.html