Janaina Vieira - Escritora 15/12/2010Livro 4Após a morte de Luís X, como a rainha está grávida, o reino precisa de um regente. Após muitas disputas e rivalidades, o conselho decide que o irmão do último rei, chamado Filipe, deve assumir esse encargo. Acontece que esse Filipe é marido de uma das princesas condenadas, Joana de Borgonha, que por sua vez é filha da condessa Mafalda. Ou seja, Filipe é genro da megera e ela tem todo o interesse que ele seja coroado rei, mas o grande obstáculo é a criança que Clemência espera. É quando começam as discussões e debates sobre o espinhoso assunto.
Se Clemência der à luz um menino, não há problema algum: a criança será coroada um dia e seu tio Filipe será regente por vários anos. Porém, se nascer uma menina as dificuldades são imensas pois o finado rei Luís teve uma filha com Margarida de Borgonha, que teria precedência sobre o trono. Porém, pesa sobre a criança a dúvida quanto à sua origem ser ou não bastarda. Este fato enfraquece a coroa francesa pois todos os possíveis herdeiros surgem com suas reinvidicações. Até mesmo a Inglaterra sente-se no direito de ocupar o trono, pois sua rainha, Isabel, é francesa e filha de Filipe IV. Por outro lado, o duque da Borgonha e irmão de Margarida, decide defender os direitos da pequena Joana, afirmando que ela é filha legítima de Luís e de Margarida. As discussões são muitas, mas ninguém pode fazer nada antes que a criança nasça. Mas, como a criatividade humana tb serve muito bem aos interesses do momento, os legisladores franceses buscam nas antigas leis do país algo palpável que impeça a pequena Joana de subir ao trono, ou até mesmo a criança de Clemência, caso seja uma menina. Na verdade, eles nada encontram de concreto neste sentido, mas usam uma lei do tempo de Clóvis que versava sobre a herança de terras entre os nobres. Assim nasceu a lei sálica, ou a lei dos varões.
Finalmente chega o momento do parto e nasce um menino, para desgosto de muitos. Clemência quase morre de febre puerperal, enquanto o reino enfraquece cada vez mais. Depois de muitas semanas e muita luta, Clemência recobra a consciência e descobre que sua vida está completamente destruída! Torna-se, então, uma rainha branca pois o costume da época exigia que as rainhas, ao enviuvar, usassem somente roupas e véu branco em sinal de luto. Ela não pode voltar para Nápoles e tb não pode casar-se de novo pois fora rainha da França e as rainhas viuvas não se casam novamente.