carolmureb 23/03/2024
De fato, o "hype" a respeito deste livro faz sentido. Ao desenvolver o conceito de sociedade do desempenho, o autor demonstra como determinados discursos de positividade podem fazer com que uma pessoa adoeça a si mesmo. O estímulo à alta performance e à produtividade são bem embalados, afinal, quem não deseja ser reconhecido como criativo, original, empreendedor? E se não se consegue o sucesso "tão garantido" se você tiver alta performance e produzir (enquanto outros dormem) a culpa é, unicamente, da pessoa. Resultado: fracasso e depressão. Aprender a lidar com a negatividade, com os limites, renunciar a tornar-se escravo do 'eu quero, eu posso, eu consigo' como se bastasse isso para ter sucesso. De fato, é um livro que abre mentes, e nos faz perguntar como desenvolver uma pedagogia do ver para aprender a bem viver.
"O que causa a depressão e o esgotamento não é o imperativo de obedecer apenas a si mesmo, mas a pressão do desempenho. [...] a síndrome de burnout não expressa o si-mesmo esgotado, mas antes a alma consumida" p. 27.
"A depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade" p. 29.
"O excesso da elevação do desempenho leva a um infarto da alma" p.71.
"A técnica temporal e de atenção multitasking (multitarefa) não representa nenhum progresso civilizatório" p. 31.
"Aprender a ver significa 'habituar o olho ao descanso, à paciência, ao deixar-aproximar-se-de-si' , isto é, capacitar o olho a uma atenção profunda e contemplativa, a um olhar demorado e lento" p. 51.