Carla.Parreira 12/10/2023
Matrix
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Interessante considerar a definição do filósofo Sócrates sobre a sabedoria. Esta consiste no reconhecimento da própria ignorância, o que envolve o abandono de ideias preconcebidas. Isso tem uma profundidade imensa. As pessoas sábias não questionam, são ignorantes e buscam um caminho um tanto controverso, sem nenhum fundamento, baseiam-se em livros sem começo e sem fim, de autoria desconhecida e com traduções duvidosas. Olhar para a Matrix é olhar para a mente. Ela está programada para nos dar todas as respostas, mesmo erradas, com uma capacidade gigantesca de criação e autopreservação. Ao mesmo tempo que realiza os nossos desejos, escraviza-nos a eles. A verdade torna-se elástica, atendendo a interesses. É por isso que o autoconhecimento é a chave sem a qual não podemos destrancar nenhum conhecimento que valha a pena ter. As crenças de uma pessoa são justificáveis porque se encaixam em todas as experiências dessa mesma pessoa. O irreal afeta o real apenas indiretamente, quando uma mente confusa o interpreta como real. Só quando a mente está livre de confusão e é capaz de identificar o irreal como irreal, ela para de se influenciar pelo irrealismo. Nossas experiências são as mesmas coisas que nossos estados cerebrais, no sentido de que consistem somente de um estado cerebral e não precisam de mais nada para ocorrer.
Descreve no livro que a felicidade é a certeza de desejar as coisas certas do modo certo. Existe, portanto, uma ligação entre a felicidade e o nosso conceito de felicidade. Para termos felicidade, precisamos da compreensão certa da realidade: a realidade sobre nós mesmos e sobre o que acontece no mundo. O segredo para descobrir a felicidade e o poder pessoa é liberar todo o medo. Para Kant, o que determina se alguém teve boa vida não é o tipo de experiência que viveu, mas o tipo de escolhas que fez. Se tentamos fazer a coisa certa, então somos uma boa pessoa, mesmo que as coisas não saiam exatamente como planejadas. Só quando abandonamos a mente é que podemos libertá-la.
E só quando libertamos a mente é que libertamos a nós mesmos. Matrix sublinha esses dois lados do espelho ? refletir e não refletir ? por meio de suas numerosas alusões budistas: o mundo que conhecemos é uma ilusão, a ênfase contínua sobre o papel da mente e a liberdade da mente, distinções entre o mundo dos sonhos e o mundo real, experiência direta contrastando com o cativeiro da mente, e a necessidade de constante vigília e treino.