Camila Faria 03/03/2017No finalzinho do ano passado eu embarquei numa missão (que eu não imaginava que seria tão divertida): ler as mais de 1700 páginas da biografia do Frank Sinatra, escrita pelo jornalista, roteirista e romancista James Kaplan e dividida em dois livros Frank – A Voz e Sinatra – O Chefão.
Existe um bom número de biografias do cantor já publicadas e, se você é fã provavelmente já esbarrou com alguma delas. O interessante desse trabalho monumental de Kaplan (ele levou 10 anos para concluir os dois livros) é que ele se aproveitou da grande quantidade de material já publicado sobre Sinatra ~ e sobre pessoas determinantes ao seu redor ~ para construir uma intrincada rede de informação, que só contribuiu para esmiuçar ainda mais a vida do maior cantor do século XX.
Nesse segundo volume Sinatra está no auge do sucesso ~ na música, no cinema e nos negócios. O livro narra o encontro e o relacionamento do cantor com personalidades como John Kennedy, Elvis Presley e os Beatles, além, é claro, das suas relações amorosas com Marilyn Monroe (!), Mia Farrow e sua última esposa Barbara Marx. Sua ligação com grandes nomes do crime organizado e a vida boêmia que levavam nos casinos também são destaques.
Sua parceria (genial) com Antonio Carlos Jobim na década de 60 e o seu show no Maracanã em 1980 não poderiam ficar de fora. Kaplan encerra a “saga” com os últimos anos do cantor: o amadurecimento, a chegada da meia-idade e da velhice (com as suas respectivas crises), até os seus melancólicos dias finais.
Antes de começar a ler os dois livros eu estava apreensiva porque são dois livros ENORMES, sobre uma personalidade que eu admiro, mas não sou super fã. Já nos primeiros capítulos esse receio desapareceu devido a capacidade incrível do James Kaplan de narrar a história em forma de romance (usando técnicas de ficção, mas nunca ficcionando os fatos), tornando-a agradável e até viciante. A gente mal pode esperar para saber o que acontece em seguida.
Penetramos na mente e na alma de Sinatra, sofremos com ele e por causa dele (ô homenzinho complicado e cheio de paradoxos!). O autor também foi mestre em evocar a atmosfera de cada período e eu fiquei bem impressionada com a rede de informações que ele conseguiu reunir (de relatórios do FBI a depoimentos recolhidos de outras biografias, com espaço para novas entrevistas). Definitivamente uma introdução perfeita ao universo Sinatra.
site:
http://naomemandeflores.com/frank-a-voz-sinatra-o-chefao/