DIRCE 08/01/2012
Qunado o carteiro chegou...
Quando o carteiro chegou ...( letra de uma música antiga, não é?), mas não foi pelas mãos foi pelas mãos do carteiro que recebi o livro “Histórias de Canções – Chico Buarque de Wagner Homem” , e sim, pelas mãos da minha vizinha, quando retornei de viagem, e é delas que o livro fala: das músicas, só que, especificamente, das músicas compostas por Chico Buarque de Holanda.
Sempre acreditei que atrás de tudo estão os bastidores, e, claro, que eles ( os bastidores) se fazem presente também neste livro, a começar pelo modo que ele chegou até mim: fui presenteada por uma querida amiga ( Paulinha).
Deveras um livro precioso, não só pelo fato tê-lo recebido de presente de uma pessoinha que,por mais de uma vez, teve um gesto de delicadeza e carinho, como também pelo fato de se tratar de um livro que fala sobre as canções do Chico Buarque, compositor, pelo qual nutro uma paixão desde adolescente.
Sempre que leio um livro minha imaginação “cria asas”, porém, o que permeou a leitura deste livro foram as recordações, e que recordações...doces, claro. Pensando bem , nem eram para ser tão doces assim, pois ainda menina, por volta dos meus 14 anos, ia, aflita, atrás de algum vizinho que tinha aparelho de TV, e implorava para que me deixasse assistir aos festivais só para poder ver o Xico - o lindo jovem de olhos azuis, e ,quando sentada no chão, via e ouvia o Xico cantar “A Banda” o coração batia descompassado, e eu me esquecia totalmente da angustia que me afligira pelo receio de não conseguir ver o Xico.
Mas seu ficar falando de todas as minhas reminiscências, não falarei do livro uma vez que uma lembrança puxa outra.
Bem o livro, traz as letras das canções compostas por Chico ( várias com parceria de outros compositores, e, outras tantas, encomendas para um filme ou uma peça de teatro) e as contextualizam dentro cenário político e histórico do nosso Patropi .
Cada música traz um pequeno texto que nos permite conhecer os bastidores de cada uma delas, e, algumas, são até desmistificadas: não tinham a conotação de protesto a elas atribuída.
Na época ( na minha adolescência ) eu era uma alienada – desconhecia totalmente a gravidade em que vivíamos: as censuras, as prisões, os exílios ( só fui me inteirar desses fatos, anos mais tarde já na faculdade, mas os professores falavam sobre o assunto com muito receio de ter alguma escuta na sala de aula), porém, mesmo desconhecendo o que havia nas entrelinhas das músicas, eu gostava tanto, mas tanto do Xico ( e ainda gosto) que, ao ler as músicas constantes do livro , descobri que sabia quase todas de cor ( na ponta da língua como se costuma dizer). Sei lá...acho que por gostar tanto do Xico, aprendi suas músicas por osmose.
Para terminar: obrigada Paulinha e, quanto aos seus votos, eu lhe respondo com um enxerto da música Bom tempo:
(...)
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus
Que Deus lhe permita um 2012 de Bom Tempo.
Um grande beijo.