Nando 10/12/2010
Minha Resenha no Sobre Livros:
Originalmente publicada em:
http://www.sobrelivros.com.br/resenha-a-viagem-da-sabedoria-andy-andrews/
Existem livros de ficção, escritos apenas com o intuito de entreter e divertir e existem os livros de auto-ajuda, escritos apenas com o intuito de serem dados de presente ensinarem lições valiosas a seus leitores. Um nunca tem nada a ver com o outro certo? Errado!
Atualmente temos visto no mercado editorial uma grande safra de livros de um estilo que eu carinhosamente chamo de “ficção de auto-ajuda”, ou seja, um enredo com personagens, criado com base em uma lição a ser ensinada ao leitor. Ou várias lições, como é o caso do livro que irei resenhar.
Há uma sutil diferença entre um livro de ficção comum que contem uma ou outra lição (grandes lições podem ser encontradas até na série Harry Potter, basta saber procurar…) e um legitimo “ficção de auto-ajuda”. Geralmente nesse grupo de livros, a lição é a motivação da historia, e não os personagens em si.
Como exemplos, posso citar “A Cabana”, “O Vendedor de Sonhos”, “As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu” e “A Viagem da Sabedoria”, o livro que irei resenhar.
No livro, acompanhamos o drama de David Ponder, um homem relativamente comum, que acaba de perder seu emprego. Porém as coisas pioram bastante, pois a filha de David está muito doente, e ele, não tendo condições de pagar seu tratamento, entra em desespero.
Sem pensar, ele sai em alta velocidade com seu carro, pressionado pelos vários problemas e acaba sofrendo um acidente, fato que o leva a uma viagem pelo tempo e pelo espaço, na qual se encontra com sete personagens históricos, que possuem conselhos essenciais para que ele retome o controle de sua vida.
David se encontra com Harry Truman – ex-presidente norte americano -, que lhe diz que a responsabilidade de todas as coisas a apenas dele mesmo. Em seguida, conversa com o Rei Salomão, que lhe suscita a busca pela sabedoria.
Tem uma prosa com o Coronel Chamberlain – esse eu também não conhecia, mas foi um coronel importante no século XIX na Guerra Civil dos EUA – que lhe sugere ser uma pessoa de mais ação.
Troca uma idéia com Cristóvão Colombo, que lhe explica como ter um coração decidido. Dialoga com a meiga Anne Frank, que lhe ensina a simplesmente ser feliz. Leva um lero com Abraham Lincoln, que lhe indica que saúde o dia com o espírito do perdão. E finalmente bate um papo com o Arcanjo Gabriel, cuja lição consiste em persistir haja o que houver (E ainda bem que acabou porque eu não tinha mais sinônimos para representar conversa XD ).
É interessante observar que os conselhos em si parecem muito simples, mas analisados na perspectiva do livro, com cada personagem explicando-os, eles soam muito mais concretos e valiosos. Uma leitura muito construtiva e bem rápida descreve bem “A Viagem da Sabedoria”.
Porém, como eu disse mais acima, a premissa de um livro de “ficção de auto-ajuda” é a lição a ser ensinada, portanto nota-se uma certa “pressa” por parte do autor em ferrar com a vida de David, para ele aprender bem rápido como melhorar as coisas. E também não espere uma explicação científica para a viagem de David. São as lições que importam para o autor.
Pesquisando sobre o escritor, descobri que Andy Andrews, após perder os pais aos dezenove anos, dedicou-se a pesquisar quais seriam os pontos fundamentais na vida de uma pessoa. O resultado dessa pesquisa é o que lemos em seu livro.
“Você é o responsável pela sua vida.” Harry Trumam
Indico esse livro a leitores que apreciem uma leitura rápida, bem despretensiosa do ponto de vista do enredo, porém extremamente construtiva em termos de aprendizado e crescimento. É excelente para pessoas que estão se “iniciando” no maravilhoso mundo da literatura, pois é um livro sucinto e direto.
Não indico a leitores que busquem profundidade psicológica nos personagens e também aqueles que não suportam auto-ajuda, porque no fim é isso que esse livro acaba sendo: auto-ajuda disfarçada (e isso não é um defeito!).