Resenhas - Antologia da Maldade

jota 18/06/2016

Dobrando metas e estocando vento...
Não é uma antologia tão engraçada ou interessante assim com quer a editora ou seus autores. Talvez por conter inúmeras citações de políticos e economistas brasileiros, gente que nem sempre é lá muito bem vista pela população de leitores e eleitores que têm mais de dois neurônios.

Nem sempre somos compensados com ironia fina, espirituosidade ou humor quando celebridades, políticos ou economistas abrem a boca para falar ou então escrevem algo – alguns de fato nem sabem escrever, dizem: alguém já viu um bilhete de Lula (ou de Tiririca), por exemplo? Falando no criador, a criatura, o poste, a mulher sapiens que saudou a mandioca e pensou em estocar vento, Dilma contribuiu com uma grande coleção de besteiras para essa antologia.

Sempre que abriu a boca e não foi antes preparada por algum marqueteiro ou assessor, a presidenta (ufa! parece que finalmente vamos nos livrar dessa anta!) acabou atirando pérolas aos porcos; falsas pérolas, é claro. Uma das maiores contribuições dela para o Febeapá de nossos dias: "Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta!"

Para compensar tamanha idiotice eis aqui uma verdadeira pérola da antologia, dita pelo genial Woody Allen: "Se Deus existe, ele nos deve desculpas." As pessoas que votaram no PT também, não? Esta outra, do também genial Groucho Marx, mesmo bastante reproduzida em antologias, merece destaque: "E is aqui os meus princípios. Se não gostarem, porém, tenho outros." Políticos brasileiros devem fazer isso a toda hora quando recebem propinas ou cargos: "negociar princípios". Assim como certos empresários, especialmente das grandes construtoras...

Enfim, muito mais do que uma leitura qualquer, essa antologia talvez fique melhor para ser consultada de vez em quando, quando necessário (ou não, depende), já que as citações estão agrupadas por assuntos e facilitam a consulta. Sem querer desprezar os autores e organizadores desse verdadeiro "dicionário de citações, associações ilícitas e ligações perigosas" esta é uma obra que se lê muito bem no banheiro, feito as Seleções do Reader's Digest. Leitura digestiva, portanto.

Para finalizar: como a maldade nunca é engraçada a não ser quando ela se volta contra quem praticou o ato maldoso, poucas vezes me senti verdadeiramente recompensado durante essa antológica leitura. Vou cometer uma maldade agora dando apenas 3 estrelas em minha avaliação. Acho que Ruy Castro teria feito coisa melhor com esse material.

Lido desde o mês passado até 17/06/2016.