Dressa Oficial 04/07/2016Maestro Olá, tudo bem com você?
Fazia tempo que eu não me envolvia com uma leitura tão prazerosa como essa e não largava o livro por nada, passei metade do feriado de Tiradentes lendo este livro e com uma sensação de querer fazer mais pela vida.
João Carlos Martins é a Superação em pessoa, já tinha ouvido falar dele algumas vezes na televisão mas nunca li nada mais afundo sobre sua vida, e esse livro foi uma total surpresa para mim.
Apesar de se tratar de uma biografia o autor escreve de uma maneira muito leve e parece que estamos batendo um papo com João Carlos Martins de tão bom que é o livro.
João Carlos Martins cresceu no meio da música seu pai sempre foi fã de músicas clássicas e seus irmãos também gostavam muito, inclusive outro irmão dele já foi pianista.
João Carlos Martins sofreu desde pequeno, aos sete anos foi diagnosticado com um cisto no pescoço que ao fazer a cirurgia para a retirada a recuperação não foi muito boa e acabou ficando com um ferida aberta durante dois anos.
Toda vez que ia para a escola era zoado pelos amigos e resolveu se isolar em casa e treinar piano, o piano foi a sua válvula de escape e ele quis se tornar o melhor de todos.
Sempre se dedicando com afinco ao seu objetivo que virou paixão nitidamente nas primeiras páginas, ele treinava mais de dez horas para tocar com perfeição cada partitura.
Aos 21 anos ganhou o prêmio mais importante da categoria, porém já sofria de dores na mão direita, sofria de espasmos, que são contrações involuntárias dos músculos acompanhadas de fortes dores localizadas. Tanto que teria que voltar para tocar o bis, porém de tanta dor ele recusou voltar aos palcos pois não admitia tocar com nenhuma imperfeição.
Aos poucos o jovem pianista foi alcançando cada vez mais sucesso e conquistando cada vez mais prêmios, foi inclusive morar fora do Brasil.
As dores na mão direita foram aumentando já que ele passava quase dez horas treinando mais duas de apresentação, os horários para dormir teve que ser alterados de acordo com o horário dos concertos, pois quando ele acordava o músculo da mão estava relaxado e então ele conseguia tocar com maior perfeição e sentia menos dor.
Um dia em Nova York, João Carlos depois de um concerto, foi jogar bola com uns amigos jogadores profissionais aqui do Brasil, a princípio ele ia apenas assistir ao jogo mas acabou sendo convidado para jogar bola, e resolveu jogar com os trajes de pianista mesmo inclusive os sapatos, porém um trombada derrubou João Carlos ao chão e uma pedra entrou no seu cotovelo.
A pedra fez um mega estrago pois esmagou o nervo ulnar que é o nervo mais importante para movimentar as mãos e afeta os pequenos movimentos como escrever desenhar ou no caso de João Carlos tocar piano.
Imagine você recebendo uma notícia dessas no auge do seu sucesso e trabalhando com o que mais gosta na vida? Triste não é mesmo ? Mas no caso de João Carlos ele sempre dá a volta por cima,
Fez uma cirurgia, voltou ao Brasil começou a fazer fisioterapia e aos poucos conseguiu voltar a tocar piano com apenas três dedos da mão direita ele começou a usar dedeiras de aço para proteger.
Porém o mesmo relata " O uso dessas dedeiras acabou prejudicando seriamente minha mão. Depois de usá-las, a mão ficava estraçalhada, sangrando e muito dolorida."
O crítico Paul Hume - naquele dia , mais repórter do que crítico - descobriu que, no intervalo de 20 minutos do concerto, João tirou as dedeiras e, até retornar ao palco, ficou com a mão direita mergulhada num recipiente cheio de água quente para tentar relaxar a musculatura. Na verdade, João Carlos fez essas imersões milhares de vezes, em todos os intervalos e também após o encerramento dos dois mil concertos que ele acredita ter feito entre 1966 e 1998, apesar das pausas na carreira.
Depois de se adaptar as dores constantes na mão direita ele voltou aos palcos mas passou por um susto, novamente ausentando ele de suas atividades, primeiro teve uma crise de apêndice depois de ter desmaiado no final de uma apresentação, e quando ia receber alta foi surpreendido com uma embolia pulmonar que o deixou quinze dias entre a vida e a morte e ficou internado durante sessenta longos dias.
Página 91"O destino continuava causando terremotos diários na minha vida e pensei em cortar os pulsos e terminar com aquilo tudo de uma vez por todas. Por mais que tentava, não conseguia atingir nem 50% da eficiência anterior. E isso, para mim, era pior que a morte."
Depois de muito resistir João Carlos teve que abandonar os pianos e voltar a sua vida normalmente, porém hiperativo que é ,não consegue ficar parado, teve que arrumar algo para fazer e recebeu um convite de um amigo para trabalhar em um banco, ele aceitou, de lá foi para a área de turismo do banco se deu muito bem porém não era o que ele gostava.
Decidiu novamente voltar aos palcos, porém não gostou do resultado e parou novamente, voltou de novo e continuou não gostando do resultado final parou por mais de um ano.
Já que desistir não era seu forte ele então resolveu voltar a tocar novamente, ele estava na Bulgária, e sofreu um assalto reagiu e levou uma pancada na cabeça afetando todo o lado direito do corpo.
Quando pensamos que nada mais vai acontecer com ele, a vida vai lá e dá uma rasteira nele novamente, porém João Carlos é persistência, é superação e a cada nova rasteira que a vida lhe dava ele fazia um degrau para subir cada vez mais alto.
Página 145
"Não deixo uma tragédia me consumir. Minha regra é superar a tragédia e retornar a Sófia representa mais uma batalha vencida."
João Carlos voltou aos palcos novamente, passou por programas de TV inclusive no livro tem várias referências com vídeos para acessar online e poder conferir de perto o que o autor narra, e uma delas é muito emocionante que foi quando ele foi no programa do Jô Soares que o apresentador chora de emoção vendo o artista tocar sua maior paixão da vida que é o piano.
Aos 64 anos se tornou maestro pois é da música que sempre gostou, nesta nova jornada ele descobriu diversos talentos, ajudou várias crianças carentes a ter acesso a música clássica , a tocar algum instrumento e com toda certeza deu um futuro melhor para muitas dessas pessoas que passou em sua vida.
Hoje ele continua como maestro, dá palestras motivacionais e mantém uma ONG na bairro de Paraisópolis em São Paulo onde ensina música para crianças carentes.
Se depois de tudo isso que ele passou e conseguiu vencer cada obstáculo em sua vida, o que você está esperando para correr atrás dos seus sonhos?
Beijos
Até mais!
site:
http://www.livrosechocolatequente.com.br/2016/04/resenha-maestro.html