Bruna Moraes 11/02/2024
O Que Há de Estranho em Mim - Gayle Forman
Brit é uma adolescente normal, tira boas notas, toca em uma banda de rock, tem o cabelo colorido e algumas tatuagens, mas nunca imaginou que isso fosse motivo suficiente para ser mandada para Red Rock, um reformatório conhecido por cuidar de jovens problemáticos com métodos nem um pouco convencionais. Seu pai sob a justificativa que faria uma viagem de família para o Grand Canyon (talvez o termo família não fosse o mais adequado, já que agora era composta por sua madrasta e o novo filho deles), a leva para a escola reformatória.
Agora estava presa naquele lugar até que completasse os níveis mais altos ou fizesse 18 anos, mas enquanto isso tinha que tentar sobreviver e descobrir o motivo de estar ali, apesar de já ter um pressentimento. Mesmo sendo um lugar horrível e bem longe de promover qualquer tratamento a alguém, Brit conheceu Cassie, Bebe, Martha e V, juntas formaram as “Irmãs Insanas”, um grupo de resistência aquele lugar hostil com um único objetivo: mostrar que não precisavam de tratamento algum e que seus pais estavam errados sobre aquele lugar.
A autora Gayle Forman ficou conhecida pelo filme inspirado no livro “Se eu ficar” e participou também do livro “O presente do meu grande amor”, por essas razões quis dar uma chance para conhecer suas outras obras, no entanto, me decepcionei com a história. A temática, apesar de fugir um pouco da realidade brasileira, é comum nos Estados Unidos, onde os pais tentam consertar seus filhos a todo custo por não atenderem as suas exigências ou não os agradar mandando para reformatórios. A capa e o título do livro retratam muito bem esse sofrimento e angustia dos personagens que estão naquele lugar, sem entenderem a razão de estarem lá.
Além disso, faz uma crítica aos métodos usados para tratar os jovens e como os profissionais que atuam nos reformatórios não são nem sequer especialistas, na maioria das vezes, para fazer diagnósticos ou o tratamento adequado. E como os pais não conseguem compreender seus filhos, escutá-los, aceitá-los, ao invés disso tentam consertá-los. A autora quis dar voz a essas adolescentes, que se sentem desajustadas, com baixa autoestima, incompreendidas por seus familiares.
Contudo, a história foi muito rasa, não teve grandes acontecimentos como eu esperava, tudo aconteceu com muita passividade e no meio disso tudo ainda teve um romance, que poderia ter sido mais explorado como também os outros assuntos: a homossexualidade, sexualidade, bulimia etc.
A personagem Brit é carismática e faz bem o papel da típica adolescente insatisfeita, mas conformada com algumas situações familiares, o fato da mãe dela ter esquizofrenia gera uma preocupação em seu pai, que ao invés de procurar um médico, a coloca em um reformatório, demonstrando que não conhece a filha direito, sua justificativa era motivo suficiente para um drama maior, já que ele não quis submeter a sua ex-esposa a um tratamento, mas queria submeter a filha.
Em suma, o livro fluiu bem, a leitura foi rápida, principalmente, pelas páginas que foram puladas, mas senti falta de uma narrativa mais empolgante, ainda mais com temas tão importantes. Acredito que a mensagem tenha sido passada de qualquer forma e que o livro tenha alcançado seu propósito.
“Sempre dance conforme a sua própria música, era o que a mamãe costumava dizer pra mim. E era assim que ela levava a sua vida também. Portanto, eu não saí dos trilhos. Apenas escolhi trilhos diferentes. E é por isso que estou aqui”.