Fernanda | @psiuvemler 30/04/2016[Império Imaginário] Pétreos, de Everton MoreiraRehn era um reino próspero e sua capital era motivo de orgulho para o Rei Beath, que constantemente trabalhava para que ela ficasse ainda mais exuberante e exalando cada vez mais luxo. Beath era sempre apoiado por seu melhor amigo e braço direito desde a infância, John Taurio, este que sempre quis o melhor para o seu povo. John era conde de Alandes e considerado o melhor comandante do exército do reino; todos os soldados conheciam sua grandeza e todas as conquistas por trás dela e por esses motivos muitos não tinham a coragem de duvidar de suas decisões.
A amizade entre os dois era óbvia, porém tudo isso mudou quando uma invasão de anfíbios isso mesmo, como as rãs na segunda praga do Egito ameaçou colocar em risco toda a produção agrícola de Rehn. Sir John, preocupado com a sobrevivência dos moradores do reino, começou a traçar planos para que todos pudessem resistir e superar a praga, porém o Rei Beath se vê desesperado diante do amedrontamento de ter seu precioso reino arruinado e assim resolve pagar altos impostos dos trabalhadores do campo para manter o seu próprio luxo, indo contra todos os princípios de John.
John Taurio ficou conhecido como o Conde Rebelde depois de resolver opor-se às atitudes do rei. Com a pouca força política e militar, o conde reúne o conselho de Alandes, formado pelos dois filhos e por nobres menores que a ele deviam lealdade, e começa a elaborar projetos e chamar a atenção dos demais para a sua causa. Alguns dos barões do conselho, vendo a idiotice que John estava prestes a fazer, foram correndo avisar o Rei Beath acerca das atitudes que o Conde Rebelde, intitulado Rei de Alandes mesmo que isso tenha sido contra sua vontade , planejava tomar. Obviamente, todos ficaram debochando do pobre homem e colocando pouca fé em seus propósitos.
Porém, quando um grupo de bastardos filhos rejeitados dos nobres de Rehn se junta à causa do Rei John, a coisa começa a ficar complicada. John vive adquirindo experiências e, depois de sua primeira batalha vencida contra as forças de Beath, a raiva toma conta do rei de Rehn, que enlouquecia perante a possibilidade de ser derrotado por um Conde Rebelde e seus poucos soldados. Os soldados abatidos de Rehn não viraram prisioneiros, como é de costume, mas receberam a liberdade de viverem no condado de Alandes e, assim, perceberem como era o bom convívio entre aquelas pessoas. O conhecimento de John adquiriu cada vez mais apoio, de modo que as pessoas começavam a notar a seriedade de seu líder e a verdade por trás de sua revolta. O que antes era a discussão entre amigos que levou a um ato tomado como idiota, agora era uma verdadeira batalha diplomática e bélica.
Pétreos foi uma leitura que, para mim, aconteceu de uma maneira meio lenta e, no início, eu não conseguia entender o motivo, pois o enredo é realmente fantástico. Quando terminei de ler, já em uma situação mil vezes melhor do que quando comecei, entendi que o modo de narração do autor é diferente do que geralmente leio e, depois que me acostumei, foi algo que fluiu legal. Mesmo durante as cenas de batalha, a narrativa de Everton foi calma porém não a ponto de entediar, não me entendam mal e proporcionou sentimentos como euforia e emoção; este último, quando algum companheiro de John perdia a vida, por exemplo. Conseguimos ver todos os lados da situação e isso nos faz compreender a razão pela qual tal lado venceu e tal lado fracassou.
Confesso que em várias vezes me aborreci por não conseguir aprofundar-me na história, mas isso mudou quando cheguei, mais ou menos, na metade do livro. Depois de já estar familiarizada com os acontecimentos, fiquei feliz por ter minhas expectativas superadas. Foi uma experiência maravilhosa entender o que o título da obra significa, pois desde as primeiras páginas eu estava ansiosa. John é um homem forte e ver seu compromisso com o povo de Alandes, sendo capaz de arriscar a própria vida para lutar pelo bem daqueles que ama, foi inspirador.
Todos os personagens são magníficos, até mesmo o Rei Beath com seus surtos de raiva que nos fazem querer espancá-lo para baixar a bola. Me apaixonei por cada um dos Bastardos, que assim queriam sempre ser chamados e não possuíam vergonha de sua origem. A Rainha Iren, esposa de John, mesmo pronunciando-se pouco sobre as decisões do marido, foi uma das personagens que mais se destacou. Ao ver que o combate se aproximava, ela não deixou o condado como foi ordenado para que muitas pessoas fizessem. Iren se posicionou na liderança de um grupo enorme de mulheres e as ensinou como lidarem com arcos e flechas. Isso provocou uma mudança significativa na hora do confronto.
Essa foi a primeira obra da Editora Garcia que peguei em mãos e posso dizer que o trabalho realizado pela equipe é fantástico. Eu fiquei encantada com a arte da capa desde a primeira vez que a vi. A diagramação é linda, com tamanho de fonte padrão, espaçamento agradável para a leitura e margens de 1,5 cm. As folhas são amareladas, os capítulos são numerados e nomeados e o primeiro parágrafo inicia-se com uma fonte e tamanho diferentes. Encontrei apenas pequenos erros de revisão, como a falta de vírgulas em alguns diálogos e descrições de cenas.
É uma leitura que, sem dúvidas, eu recomendo para todos. Dei boas gargalhadas com alguns dos personagens, principalmente com os integrantes do grupo de Bastardos, que tinham seu jeito rude e não ligavam muito para os tratamentos respeitosos direcionados aos nobres do reino. Também fiquei emocionada em cenas que, se eu contar, provavelmente estragarei as leituras futuras, mas que posso afirmar que foram muito impactantes. Agradeço ao autor pela oportunidade em nos conceder esta parceria e pela confiança para realizá-la. Desejamos sucesso em sua carreira.
site:
http://imperioimaginario.blogspot.com.br/2016/02/resenha-petreos-everton-moreira.html