Luiza Helena (@balaiodebabados) 26/05/2017Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/And I Darken é mais um livro da lista “não foi nada daquilo que pensei que seria”.
A história tem como pano de fundo o Império Otomano. Confesso que fiquei meio perdida em certos momentos porque esse império não era um dos meus queridos na época de escola, então não lembro de muita coisa. E é com esse fato histórico que acompanhamos a vida de Lada e Radu, filhos de Vlad Dracul, e o futuro sultão Mehmed.
Lada é a protagonista mais louca na maionese que já encontrei na vida. E também uma das mais cruéis que já encontrei. Na verdade, eu acho que Lada é a primeira protagonista cruel de verdade que já vi na vida. Se ela tivesse um lema de vida, seria “os fins justificam os meios, mesmo que role sangue por aí”.
Lada é a filha mais velha de Vlad Dracul e essa posição moldou toda a sua vida. Além de cruel, ela é um personagem um tanto contraditório. Podemos dizer que Lada é uma feminista, mas com um único detalhe: ela odeia ter nascido mulher.
Desde que se entende por gente, Lada tenta mostrar ao seu pai - e a todos ao seu redor - que, apesar de ter nascido mulher, ela pode fazer tudo o que homens fazem, seja lutar, brandir uma espada e por aí vai. OK que assim ela ganhou uma certa atenção do pai, mas isso não muda o fato de que ela nunca poderá mudar o fato de que é uma mulher e isso faz com que ela se odeie. Loucura? Sim.
Eu gostei muito dessa garra de Lada, mas em certos momentos isso me estressou bastante. Apesar disso, podemos ver a constante batalha interna sobre ser mulher e defender sua opinião de que ela pode fazer tudo - até melhor - que homens fazem. Li alguns comentários dizendo que Lada seria o Vlad se ele tivesse nascido mulher. Olha, não duvido nada. Como falei, ela é bem cruel.
Mas, o melhor personagem ali, com certeza, é Radu. Esse menino teve uma evolução maravilhosa durante a história. Radu é irmão mais novo de Lada e, desde sempre, foi maltratado pela irmã. Não só por ela, mas praticamente todo mundo que ele conhecia - inclusive sua família. Por esse motivo, ele era invisível e utilizava dessa invisibilidade para descobrir várias tretas. E esse virou o ponto forte dele: sua inteligência e capacidade de politicagem. Enquanto Lada era só soco e enfiar espada, Radu é estrategista, sempre tentando ver lados que possam beneficiar a si, sua irmã e o seu amigo Mehmed.
Falando em Lada, Radu e Mehmed, além da amizade, os três protagonizam um “triângulo” um tanto diferente, mas que adorei e achei tendência. Enquanto Mehmed só tem olhos para Lada, os dois irmãos possuem sentimentos que vão além da amizade para o futuro sultão. Se para Lada, esse sentimento é conflitante, imagina para Radu… Sim, os dois irmãos são apaixonados pelo pequeno zealot. Ouso dizer que Mehmed é a mocinha da história. Mas não se engane que isso atrapalha o foco da história.
Desde a primeira aparição de Mehmed, eu gostei dele. Mas, depois percebendo alguns fatos, vi que ele era bastante manipulador (mesmo que ele não quisesse). Lada, Radu e ele formavam um trio um tanto diferente. Os irmãos são as únicas amizades verdadeiras que ele possui e ele utiliza desse - e de outros - sentimentos para manipulá-los a ficarem sempre ali com ele. Ele sabia que os irmãos Dragwyla sempre iriam ficar do lado dele. Confesso que, quando percebi isso, meu queixo foi no chão. Não sei ele fazia por maldade ou por medo de perder seus amigos. Fica aí o questionamento.
Com o Império Otomano de fundo, Kiersten também aborda sobre a religião muçulmana e seus costumes - como o fato do sultão ter várias esposas e harém e tals -, sobre os exércitos janízaros, menções sobre Cruzadas e a eterna briga por Constantinopla.
Quando li que essa trilogia seria como um “Game of Thrones adolescente ambientado no Império Otomano”, eu me matei de rir, mas acho que não existe descrição melhor. Eu odeio comparações entre séries de livros - principalmente quando não tem nada a ver com Game of Thrones -, mas aqui essa comparação é até plausível. Enquanto em Game of Thrones todo mundo quer aquele bendito Trono de Ferro, aqui todo mundo quer ser sultão. Fora o fato de toda a politicagem que rola, com conspirações, assassinatos, golpes, etc.
And I Darken está com lançamento previsto para o segundo semestre desse ano pela Plataforma21, com o nome de Filha das Trevas.
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