Ariadne 01/06/2021
Importante para pensar o paradigma da colonização brasileira
Todo historiador que é também estudioso do Brasil colonial já se deparou com a discussão historiográfica entre os partidários do Antigo Sistema Colonial e aqueles do Antigo Regime nos trópicos.
Os dois possuem suas diferenças, mas concluem o mesmo: o projeto colonizador era excludente e promovia a desigualdade socioeconômica que afeta o Brasil até os dias de hoje. Com uma economia baseada na exploração, no enriquecimento de poucos, na sustentação e manutenção de privilégios do Antigo Regime - mas não por isso completamente transplantada para a colônia (neste e em outros aspectos discordo dos autores) e em um capital mercantil que serviu para a compra de bens e terras, o projeto era o arcaísmo da sociedade, ou seja, a manutenção da desigualdade econômica desta sociedade para que os privilégios e a exploração da mão-de-obra barata continuasse.
O caminho pensado pelos autores se difere dos partidários do ASC ao construirem a tese de que havia aqui uma sociedade não-capitalista que estava mais preocupada em agradar ao rei para ter privilégios e honrarias o que em fazer negócios para obter lucro. Se há, somente, preocupação com a obtenção de honrarias e títulos, para quê dispender tanta mão-de-obra barata e outros esforços? Somente para tomar posse da terra? Sem nenhum outro tipo de exploração? A desigualdade socioeconômica não é causada pela contínua exploração da terra e de negros escravizados? Gerar tanta desigualdade somente para obter títulos parece-me um tanto contraditório.
Por outro lado, um frescor trazido por este novo paradigma é o pensar historiográfo pelo viés particular, das famílias donas do capital mercantil para mostrar o monopólio que exerciam na colônia para obter seus negócios junto ao império português.
Livro necessário sim, mas bastante contraditório em sua tese, ainda é uma importante leitura que, junto ao ASC acrescenta e colore mais o panorama do Brasil colonial.