Saleitura 29/03/2016Imagine um país onde a corrupção e incompetência administrativa daqueles que deveriam servir ao povo era enorme: abuso do poder, exploração econômica, abandono do povo; nos quais os valores morais, como honestidade, educação, respeito ao próximo, conhecimento da história e das tradições, estive sendo esquecido. Onde o caos social estivesse instaurado. Cenário familiar não?
Contudo não estamos falando do Brasil do século XXI e sim da China da dinastia Zhou (1027-221 a.C). Época de um dos maiores filósofos da História mundial, um homem educado Confúcio, viveu.
A contribuição de Confúcio para a História da China é inestimável, o seu conjunto de ensinamentos, pregava uma moralidade pessoal e governamental, sempre pautada nas relações sociais de justiça e honestidade. O seu pensamento destacava-se pelo seu caráter humanístico, extremamente preocupado com a sobrevivência da sociedade e com a dignidade humana (BUENO, 2013, p.6). A cultura, ou melhor a educação, seria o elemento-chave para a continuidade humana.
Para ele, a causa dos males, estava na falta da educação: Sem estudo, as pessoas seriam incapazes de compreender sua cultura e a necessidade dos valores morais (BUENO, p.8). Para poder resolver isto, o homem deveria ser educado: em dois tipos de estudo o Xue, ensino das tradições e da cultura, e o Zhi, a experiência de vida, ambos complementares. O homem que conhecia a cultura e a moral e era capaz de praticá-la, era o homem educado - o modelo do cidadão ideal do confucionismo. Contudo, a vida de Confúcio nunca foi um mar de rosas. Governos corruptos gostam de falar de educação, mas desprezam qualquer forma de ensino que privilegie a formação crítica do indivíduo.
É impossível não ler Confúcio e não fazer um paralelo com eventos recentes da história brasileira, mas não vou fazê-los para não tendenciar a minha resenha. Então o convido para ler este livro incrível e fazer este paralelo. Confúcio, era antes de mais nada um homem de ações, seus atos e postura refletiam seu pensamento, e não se contradiziam como muitos o fazem. Viajou por toda a China ensinando e aprendendo, em suas sábias palavras: Mestre é quem sabe o antigo e descobre o novo.
Agora falando sobre o livro em questão, é uma obra divida em suas partes: a primeira consiste em uma apresentação da vida de Confúcio, e uma breve análise de sua vida e obra. Constando a explicação de Bueno sobre a utilização de alguns termos específicos na tradução do original chinês. E a segunda é uma seleção de alguns ensinamentos do mestre. Destaco alguns dos meus preferidos:
Examino-me três vezes por dia. Sou leal para com os outros? Sou sincero com meus amigos? Pratiquei o que aprendi? Zigong perguntou quem é o educado. O Mestre disse: Aquele que pratica o que fala.. O Mestre disse: O educado vê o todo, gente pequena vê as partes. O duque Ai perguntou Confúcio como conquistar o coração do povo. O Mestre disse: Promova os corretos e se afaste dos errados e você terá o coração do povo. Mas, se promover os errados e afastar os corretos, você perderá o coração do povo.
Caso pudesse citaria o livro todo, mas então o leitor não teria o prazer de lê-lo. E mais do que ler, praticar como ensinava o mestre. Hoje em dia se utiliza Sun Tzu para tudo, mas deveríamos aprender e praticar muito mais com Confúcio. Principalmente nestes tempos turbulentos em que vivemos, este livro é mais do que atual, pois como seres ativos na História, estamos construindo o futuro para as próximas gerações e como disse o mestre: Quem não pensa no futuro não pode ser um educado. Quem não compreende a cultura é incapaz de ocupar um trabalho. Quem não entende as palavras não compreende as pessoas.
Resenhado por Marcelo Daltro
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