Geovana Rodrigues 18/09/2023
Sobre aqueles livros que temos receio de começar, mas que depois nos surpreendem
Para iniciarmos nossa conversa, não há como não dizer o óbvio: é um livro MUITO denso! Com vários termos da psicanálise, lendas e mitos, mas que conforme as páginas vão passando, nos sentimos em uma roda de conversa informal. Um bate papo com amigas queridas, regado a cafezinhos, queijos e bons vinhos!
Assim como minha referência à bons vinhos, este livro é para ser degustado! Para que possamos ter tempo de assimilar tudo e refletir sobre como esses conteúdos mexem com nossa psique. E o mais importante: vá no seu tempo, pois, sim, ele irá mexer com você mulher.
A autora narra os mitos em suas formas mais originais possíveis e depois tece seus comentários – sempre com um olhar da psicanálise junguiana, e uma vasta experiência em ser, viver e conhecer mulheres. Ela foca no destrinchamento do arquétipo da mulher selvagem, a loba que existe dentro de cada ser que se reconhece como feminino.
Essa loba, um ser poderoso e arcaico que predomina nossa psique, nossa essência, existe desde os primórdios e era muito influente nas gerações anteriores à tecnologia. Com as mudanças sofridas no mundo, a correria, a falta de autocuidado e a violência que sofremos constantemente, ela foi silenciada.
Mas que, apesar de tudo, não desiste. Sempre manda sinais de que está ali para nós. É ela que se achega quando entramos em contato com a natureza – aquela sensação de conexão sublime, quase orgástica de quando fazemos algo em que sabemos sermos muito boas. A deusa loba é aquela voz que nos guia, a intuição que nos instrui, nosso sexto sentido.
Fui atrás de outras mulheres que leram o livro, porque mesmo sentindo isso tudo ao percorrer suas páginas, também me senti perdida e desconectada em determinados momentos. Muitas me falaram que levam esse livro com uma bíblia, outras como guia e ainda há outras que dizem que foi leitura medicinal, para aquelas que precisavam se encontrar, aprender a dizer não, parar de agradar.
Intenso foi cada relato, e depois de lê-los, compreendi ainda mais coisas, como:
- Algumas passagens, tocarão mais as mães;
- Outras, algumas que já passaram por determinados traumas;
- E ainda há aquelas que já chegaram à meia idade, repletas de experiências que só o passar do tempo pode proporcionar.
É uma leitura que pretendo revisitar quando passar alguns anos, para ler com olhos de certas experiências que ainda não vivi. Enquanto isso, guardarei os ensinamentos da Loba com muito carinho e respeito.
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