Rumah

Rumah Bruno Flores




Resenhas - Rumah


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JosA.Oasys 19/01/2016

‘Rumah’, de Bruno Flores
Rumah (lar em malaio) é o livro de estreia do jornalista carioca Bruno Flores. A história segue o povo Kitaran no Pacífico Sul em busca de um local em que possam sobreviver e prosperar.

Antes de tudo, não se trata de um livro comum, mas audacioso. Um elemento que exemplifica isso é a coragem do autor em adotar capítulos que alternam o passado, presente e o futuro em três momentos distintos – a saber, a conquista, a decadência e o renascimento – para contar a saga Kitaran. Assim, as histórias intercaladas funcionam como engrenagens que se movimentam impulsionando a narrativa e a compreensão dos personagens.

Contudo, dois pontos negativos recaem sobre essa escolha de estrutura. A primeira é o fato de pegar desprevenido o leitor menos atento (por isso também a indicação, na contracapa do livro, para se ler de olhos bem abertos) que espera um enredo linear. O outro é que determinadas façanhas de alguns personagens são antecipadas antes de serem concluídas. Pessoalmente, não acredito que atrapalhe a leitura, mas suprime um pouco a surpresa na resolução de conflitos.

Compreendida a estrutura, nos voltamos ao conteúdo. Rumah contempla, desde o início, boas e preciosas descrições do cotidiano de uma tribo no Pacífico Sul. Como exploradores, conseguimos absorver o mar, os animais e a vegetação predominante naquela porção do globo. O mérito de Bruno é nos transportar, sem ticket, para essa viagem. Esse êxito deve-se ao fato de o autor ser um viajante minucioso.

Antes de concluir Rumah, Bruno Flores empreendeu uma viagem pelos arquipélagos de Fiji, Tonga e Vanuatu. Por trinta dias ele fez com que o “laboratório de escrita” fosse uma riquíssima experiência de imersão diretamente com o povo que iria compor as páginas do livro. Como aqueles exploradores que primeiro chegaram naquelas terras, Bruno reuniu uma miríade de informações e tratou-as com êxito entre as linhas de Rumah.

Assim, conhecemos um arquipélago colorido e multiforme onde a Natureza é cultuada, respeitada, mas também temida. Aliás, a religiosidade é uma característica importante no livro. Como apreciador de mitologias, tenho que destacar que a religião primitiva fundamentada no Céu Pai, Mãe Terra e seus filhos é outra engrenagem intrínseca às três fases do povo Kitaran que humaniza os seres ficcionais.

Entretanto, o sucesso do autor não é o mesmo no quesito diálogos. Enquanto o trato com o sagrado dota de vida os personagens, os diálogos não os individualizam. Ao invés, as falas assumem um vocabulário semelhante em que não conseguimos distinguir um personagem apenas por sua forma de falar. Sem esses maneirismos linguísticos, os atores ficaram à mercê daquele toque final que daria mais veracidade aos relatos do povo Kitaran.

Rumah é um livro instigante e audacioso em sua totalidade. Cada fase da história – conquista, decadência e renascimento – conta com virtudes e desvios morais bem engendrados pelo autor que podem servir como um retrato social digno de atenção. Adicione ao molho moral o objetivo de sobreviver e podemos tratar o microcosmo do Pacífico Sul como uma experiência dos limites da nossa espécie. Vale a aventura.

– Por José Fontenele, escritor e jornalista.

site: http://www.boletimleituras.com.br/?p=9219
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Leonardo1316 19/02/2016

Rumah, Bruno Flores
A literatura brasileira sempre nos fornece grandes surpresas. Quando menos esperamos, temos contato com um livro excelente, de um autor novo e que todos merecem conhecer. Assim é a primeira sensação que tive ao terminar o livro de estréia do escritor Bruno Flores, intitulada Rumah.

Esta obra narra a história do povo Kitaran no Pacífico em busca de um local em que possam sobreviver e viver em paz. A obra se inicia com Tesé, da terceira geração de nativos de Rumah, que deseja sair da ilha porque os recursos naturais estão escassos e não vislumbra um futuro. Conhecemos também a história do sacerdote Sênior e do caçador Tavo, membros da segunda geração de habitantes. Nessa época, a ilha está superpovoada e dividida em clãs que vivem em conflito. Sênior assume o poder como tirano enquanto Tavo, aos poucos, se transforma em líder revolucionário. Paralelamente temos a história de Wangka, da primeira geração, que lidera a jornada de descoberta de Rumah.

Como pode se perceber, a obra de Bruno Flores é densa (Rumah é para ser lido de olhos bem abertos), pois foi construída em três momentos distintos do povo de Rumah – a conquista, a decadência e o renascimento. Portanto, temos passado, presente e futuro se interagindo de um modo brilhante ao longo da trama.

As descrições do autor são um ponto que não poderia deixar de falar. Devido ao fato de ter viajado pelos arquipélagos de Fiji, Tonga e Vanuatu temos lindas descrições ao longo dos capítulos. Somos transportados para dentro da obra, conhecemos o dia-a-dia do povo de Rumah de um modo impressionante. Arrisco a dizer que se o autor não tivesse feito esta viagem, a obra não teria o mesmo encanto.

A comunidade criada pelo autor, me fez lembrar muito da nossa sociedade. Ao longo da obra, vemos tensões, guerras, traição, heroísmo, amores, governos tiranos, a luta pela sobrevivência, mas principalmente a busca por um lar no qual possamos viver em paz, o nosso Rumah (lar em malaio).

Rumah é um livro denso, diferente, instigante. Abra bem seus olhos e viaje por este mundo novo. Leitura mais que recomendada.

site: http://prafalarsobrelivros.blogspot.com.br/2016/02/rumah-bruno-flores.html
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Nathalia 28/04/2016

Rumah - Bruno flores
O que me atraiu para fazer a leitura do livro foi a contracapa, pois Rumah remeteu-me a Passárgada de Manuel Bandeira e fiquei extremamente curiosa para conhecer esse lugar idealizado de Bruno Flores onde o povo Kitaran pudesse viver em paz e ser feliz.

Logo no prelúdio que conta a mitologia da origem do mundo e seus deuses (Céu Pai, Mãe Terra e filhos: Lautan (deus do Mar e animais marinhos), Hutan (deus da terra e animais terrestres), Manusia (deus criador dos seres humanos) e Ribut (deus do céu e fenômenos naturais)) já fui envolvida pela trama.

Os demais capítulos não deixaram nada a desejar e o autor fez um revezamento na narração e salto no tempo que particularmente aprecio bastante e acredito deixar o livro fluído, mais prazeroso de se ler, já que ficamos ansiosos para saber a continuação dos fatos.

Wangka, Tavo e Tesé são os protagonistas dessa história e representam as três gerações e momentos: a conquista, a decadência e o renascimento, do povo Kitaran. Conforme a narrativa vai se desenvolvendo, seus destinos vão se intercalando e as histórias passam a dar sentido uma nas outras.

As descrições referentes aos personagens, acontecimentos e principalmente aos lugares e natureza são muito ricas em detalhes e bem feitas. Gostei bastante de todo enredo, mas para mim as trajetórias de Tesé e Tavo são as mais interessantes. Vi-me envolvida pelos personagens e pelo lugar, vibrava a cada conquista e me indignava com cada dificuldade.

Apesar de se passar em outro tempo, Bruno Flores construiu uma trama que se encaixa perfeitamente nos nossos dias atuais, pois relata a desigualdade existente entre os povos, a separação das classes sociais, a desumanidade, os crimes, as epidemias, a injustiça, a busca pelo poder que estão presentes no nosso cotidiano. Além de demostrar que a busca dos Kitaran e a nossa é por um mundo melhor, por um lugar onde exista a igualdade, a humanidade, a justiça, prevaleça à paz e possamos viver felizes.

A capa, as páginas, a fonte, tudo combina com o texto e torna a obra algo formidável. Talvez a únicas dificuldades que outros leitores podem encontrar na hora de fazer a leitura são não prestar atenção aos detalhes e na mudança no tempo e não gostar de mitologia.

Recomendo a leitura de Rumah para aqueles que querem se surpreender com um admirável romance brasileiro. Parabenizo a editora e ao autor pelo resultado final.

site: http://www.escrevarte.com.br/2016/04/rumah-de-bruno-flores-editora-desfecho-romances.html
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