Simone Bruxelas 30/07/2021
Em 1827, a Gazette des Tribunaux relata o julgamento de Antoine Berthe, 25 anos, filho de um artesão. Um ex-seminarista que se tornou tutor, foi julgado por homicídio e condenado. Foi depois de acompanhar esta história que Stendhal, criou Julien Sorel.
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Le rouge et le noir é um romance de iniciação, no qual o herói, o jovem Julien Sorel, filho de um carpinteiro, que tenta ascender na sociedade, terá que superar muitos obstáculos.
Apaixonado por Napoleão, ele sonha com um destino glorioso, se tivesse a oportunidade de se tornar um grande soldado (vermelho), mas o destino vai frustrar seus sonhos, impondo a batina (preto).
Seu caráter é mutável, ele não sabe muito bem onde é o seu lugar. Operário, filho de pequeno-burguês, em virtude de sua educação, ele se mostra ao mesmo tempo tímido, ingênuo, ignorante e sensível, mas também, paradoxalmente, frio, calculista, agressivo e egoísta, pronto a fazer qualquer coisa, para satisfazer seus sonhos de grandeza.
Na sociedade em que atua, não há mais lugar para suas ambições de herói solitário. Ele sacrifica a felicidade simples por ideologias ultrapassadas.
Ele encontrará em sua queda as verdadeiras respostas sobre a felicidade e as realidades da sociedade. Retrato formidável dos costumes desta sociedade francesa do período da restauração, com as forças opostas da nobreza, o clero, a burguesia e a sociedade industrial em ascensão. Com hipocrisia, mentiras e traições, cada um tenta encontrar o seu lugar, triunfar, ascender socialmente, esmagando o outro no processo.
Le rouge et le noir, cores opostas, como são os sentimentos que perpassam Julien Sorel e muito de nós.