none 23/04/2020
O poder da França nas mãos de um frade descalço
O frei José du Tremblay biografado pelo Aldous Huxley é fruto de uma pesquisa realizada pelo autor na biblioteca da faculdade UCLA. Consultando livros de história da França (A história do sentimento religioso, de Brémond) e biografias mais ou menos credíveis do personagem que influenciou o cardeal escarlate Richilieu (atuando nas sombras do poder monárquico, daí o apelido eminência cinza ou parda).
É ficção, é ensaio filosófico, é romance histórico. Não se sabe tudo sobre a sua vida particular. O que se sabe foi extraído de terceiros. Que o admiravam e o odiavam. Foi um Stalin do seu tempo. Sabe-se que o líder soviético também estudou em colégio religioso com formação eclesiástica. Ainda que no caso, incompleta. Também foi poeta. Mas as semelhanças param aí. O poder da França era de direito dos monarcas Louis XIII e Marie de Médicis. Mas de fato quem governava era o conselheiro Cardeal Richilieu. Que tinha apoio na figura do frade capuchinho José. Eles decidiram o destino da Europa na guerra dos 30 anos. Desestabilizaram dinastias, enfraqueceram o poder real da propria França (acendendo o pavil reacionário ególatra de Louis XIV ) e promoveram a fome e o canibalismo na Alemanha.
Um frade descalço que estudou com mestres místicos, mas que tinha em mente a ascensão da França no cenário político e religioso, os meios justificavam os fins.
Huxley traça um paralelo dessa politica absolutista que almejava também a conquista das terras santas com as guerras mundiais do seculo XX. Lenin, Stalin, o kaiser prussiano, Hitler, Mussolini e demais ditadores e presidentes não tem mais interesses religiosos. Apenas interesses materiais sobre os seres humanos. A própria fé que eventualmente professam ou ideologia que doutrinam é carente de consciência e repleta de materialismo. Como pode haver civilização sem amor? Poder acima de tudo e de todos?