Inverossímil

Inverossímil Rodrigo Rosp




Resenhas - Inverossímil


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Amanda 31/03/2022

Me surpreendeu
Confesso que pela capa não fiquei muito interessada em ler, até porque sou contra imagens explícitas e obscenas em capas, já que uma criança poderia facilmente ver. Mas tirando isso, a orelha me deixou curiosa, porque enquanto o texto (diálogo) soava muito real, também soava ficcional/falso, e somado ao título do livro consegui identificar que brincadeira astuciosa o escritor estava propondo para os leitores. Foi muito interessante confundir realidade com ficção, de lembrar de alguma cena me perguntando "Mas aconteceu mesmo?". Me senti não sendo enganada, mas dentro de uma brincadeira divertida de odiar um personagem e amar um escritor. Os diálogos são ótimos, é mostrado e não contado, o protagonista prendeu meu interesse ? um babaca que eu adorava ver colocado contra a parede pelas mulheres que o cercavam.
Enfim, eu recomendo a leitura. É como ver um filme experimental.
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juandbooks 24/05/2020

eu entendi o proposito mas não foi pra mim

me senti muito incomodada fazendo essa leitura como mulher (e acho que ate um pouco do intuito desse livro é de incomodar), achei o personagem nojento e asqueroso (o que provavelmente prova que o livro é bem escrito, ta ai a minha estrela) e pude comparar o jeito de convencer dele a muitos meninos que ja conheci mas pra mim não funcionou.
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Guilherme.Marques 22/12/2017

Bleh
Um exemplo de como não fazer metaficção. Mesmo que isso seja até certo ponto proposital - daí o título e toda a discussão sobre a escrita que o romance traz -, prejudica a "qualidade" do livro, no limite do pedantismo.

Mas de resto o livro é ok, a leitura flui, corre, até porque a história jamais inova: é sempre uma retomada do mesmo tema do professor-frustrado-(além-de-escritor)-que-é-castrado-pela-esposa-e-procura-sexo-com-alunas-ou-outras-mulheres.
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Antonio 16/10/2016

Fracassado
Caio, um escritor e sedutor incompetente de meia idade, dá aulas de Literatura na PUC-RS e aproveita-se de sua posição pra xavecar editoras e alunas.

Inadequado na interação com a geração subsequente à sua e fraco na construção de sua obra literária, o protagonista de Inverossímil é exposto ao ridículo durante toda a obra - culpa e obra dele mesmo, que teria apontado à estudante Mirella a repetição da palavra obra neste parágrafo. E desaprovado esta brincadeira - embora faça muitas delas.

De forma criativa, Rodrigo Rosp nos apresenta Inverossímil a partir de três contos que entremeiam conversas levadas a cabo via algum serviço desses tão comuns hoje em dia (tipo whatsapp) - o que torna a leitura ágil e dá um quê de entretenimento ao livro, apesar de tratar, entre outras coisas, de um tema espinhoso: o machismo.

Os clichês utilizados pelo autor para desenvolver Inverossímil favorecem a existência de amálgama da personagem principal e o narrador - caem bem.

Trecho do livro:

"Certo, mas não é a falta de identificação que gera o preconceito? Tu não vê que quem luta apenas pela própria causa pratica aquilo que está supostamente combatendo?" (p. 53)


site: leioedoupitaco.blogspot.com.br
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Aguinaldo 26/07/2016

Inverossímil
"Inverossímil" é um romance experimental, produzido como parte dos requisitos necessários para a defesa de uma dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em letras da PUC/RS. Rodrigo Rosp não é um iniciante. Ele já publicou e/ou organizou pelo menos seis livros (dos quais já li "Fingidores", de 2013) e trabalha como editor em Porto Alegre. Esse seu livro é sobretudo um jogo, no qual se alternam caixas de diálogos (típicas dos serviços de mensagens curtas utilizadas na telefonia) e três contos curtos (que são experimentos autoficcionais de um dos personagens do livro, Caio, um professor universitário). Camadas de verdade se superpõe, como num palimpsesto. Aspectos da vida dos personagens que participam dos diálogos pelo celular são canibalizados pelo narrador onisciente dos três contos. Por sua vez, a leitura dos contos pelos personagens repercute nos diálogos subsequentes entre eles. As histórias envolvem fantasias sexuais; tentativas de sublimação de desejos; a elaboração intelectual de uma técnica amalucada de sedução. Enfim, há no livro bom humor, erotismo e conversas sobre a literatura como ofício. A estrutura das histórias é típica da dramaturgia, como se elas funcionassem previamente como esquetes teatrais (ou foram pensadas para serem futuramente encenadas). As ilustrações incluídas no livro, a capa, as orelhas, a própria edição e os elementos gráficos incluídos nas guardas da capa funcionam como uma adequada cenografia para o texto. Diversão ligeira, num livro que funciona bem.
[início: 18/04/2016 - fim: 19/04/2016]
"Inverossímil", Rodrigo Rosp, ilustrações de Ricardo Kochkroeff, Porto Alegre: Não Editora, 1a. edição (2015), brochura 14x21 cm., 114 págs., ISBN: 978-85-61249-55-7

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/05/inverossimil.html
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JoaoPedroRoriz 09/02/2016

ENTRELINHAS QUE DISCURSAM SOBRE O PODER E O DESEJO
Por João Pedro Roriz

Um bom motivo para morar em Porto Alegre: as grandes livrarias vendem livros de autores gaúchos. É uma característica que nenhuma Saraiva, Nobel, Cameron ou Cultura possui fora do Rio Grande do Sul.

Vou diariamente às livrarias ver as novidades. Inverossímil, de Rodrigo Rosp pulou da prateleira e acabou passando na frente da minha lista de leitura. A obra publicada pela Não Editora é um pequeno dicionário de pieguices. Mistura erotismo com técnicas narrativas em uma novela rápida e diminuta. Conta a história de uma jovem estudante de letras que troca mensagens íntimas com seu professor. Dá pra imaginar o resto. O professor casado escreve um livro sobre seu affair com a jovem aluna e se locupleta de seus desejos juvenis, de sua inexperiência literária e claro, de sua vulnerabilidade. O paralelo entre o professor intelectual imaturo – artista no ponto cego da existência; e uma cocota desprestigiada, cheia de lugares comuns e erros ortográficos atrai o leitor por três motivos: pelo conflito (uma obrigatoriedade midiática, assim como esses parênteses), pelo argumento político contextual e pelo discurso.

Não é fácil ser piegas. Errar propositalmente é uma falácia. Rosp passeia na beirada do abismo, zomba da própria mediocridade e se apresenta num número de equilibrista entre dois prédios sobre a corda bamba. Editor de ideias, ainda é um dos poucos que aceita não saber tudo – dedica-se aos novos egos; intimida o mundo dos enlatados com hortaliças frescas – essas que atraem um tipo de consumidor que não se contenta com uma vida imposta; dá asas aos sonhos de construção, mas gosta de ser imperfeito como o mundo.

Inverossímil não tem gosto bom, mas é ótimo para a saúde. É como comida macrobiótica, difícil de engolir, ótimo de digerir. Entenda: o mercado literário está cheio de obras que apontam caminhos seguros e que deflagram, logo na capa, um ponto de identidade com o público-leitor. Esse modelinho de autodefesa de qualquer escritor já está mais do que manjado. Pode ser detectado por radares há milhares de quilômetros de distância. Rosp brinca com a dialética entre o bem e o mal de sua própria literatura e expõe visões negativas e positivas nos dois lados. Sexualidade, intelectualidade, imaturidade e tinta guache. Parece um vinho caro. Desses que você odeia gostando. Participar da brincadeira é o grande barato de Inverossímil e, quem sabe, matar algumas charadas sobre a verdadeira personalidade do protagonista e de seu autor.

O argumento do livro convence pelos detalhes. A barba, elemento fálico do protagonista serve como símbolo de uma agressividade masculina mal articulada frente às mudanças políticas e sociais. O poder exercido pelo protagonista para se tornar cativo de sua própria existência, a busca pelo sentido da vida e os clichês de boteco esgotam as linhas críticas do leitor até um estágio de total imersão na história. É como assistir pegadinhas no domingo à tarde. Não há mais ponto de conexão do leitor com a história. São apenas ficção e extravagâncias. Comove-nos no movimento simplista, pois nos mostra uma verdade incontestável sobre a vida: não estamos preparados para ela.

Atente-se: Rosp usa metalinguagens na obra. Ele pode. Outro autor teria o livro recusado pela editora se utilizasse os mesmos canais. “Essa obra não vende”, é o bordão de qualquer editor. “É muito cult”, ou “é surreal” ou... “Inverossímil”! A obra de Rosp é autêntica, mas alienante. Está focada no público universitário: é cheia de hormônios e lições sobre narrativas e estilos linguísticos. Pode até parecer um cartão de visita da editora. Mas não é. Soa mais como uma extrapolação da filosofia editorial da Não Editora/Dublinense. É como um vestido de passarela que não pode ser usado no dia-a-dia, mas que orienta as novas tendências de moda que serão um dia apresentadas nas prateleiras das grandes lojas de varejo. No contexto de futilidades do mundo da moda, todo bom estilista dá nome a novas configurações usuais – por mais “inverossímeis” que sejam. Alguns autores também possuem esse talento. Eles chamam a atenção, pois apresentam sua obra em paralelo com suas ações. E para isso, precisam ser dominadores, excêntricos, até soberbos.

O livro de Rosp possui linhas subjetivas que unem protagonista e autor, leitor e crueldade. A despeito de qualquer função do texto, mora na condição de supremacia da literatura de um bom autor o tipo de mensagem, a proposta e o objetivo. Na obra de Rodrigo Rosp é possível observar a defesa do interesse físico e emocional do indivíduo perante o complexo social, a divergência política das classes frente às iniquidades do capitalismo, a manutenção das instituições e da tradição frente às tempestades causadas pelos novos comportamentos, o diálogo entre a literatura e os meios de comunicação digitais e o papel do artista no século XXI. Essas discussões pulsam nos intervalos entre as páginas. E não podem ser descritos, afinal, a verdade não cabe em uma postagem do twitter.

João Pedro Roriz é escritor e jornalista.


site: www.joaopedrororiz.com
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