Clio0 18/07/2021
Queen of the Damned, o terceiro livro das Crônicas Vampirescas, abandona o estilo confessional para se tornar uma mistura de memória com relato, similar a um diário ou outro tipo de documento histórico.
Primeiramente, a autora introduz vários pontos-de-vista para a narração - que continua sendo em primeira pessoa e intimista - e o resultado é o contato com vários personagens antigos como Marius e Armand, bem como alguns novos como Daniel e Jessica.
Os dois últimos são vampiros neófitos e os capítulos dedicados a eles são muito interessantes. Mas a necessidade de continuar a história faz com que eles percam relevância na parte final do livro; Não que isso desequilibre a narrativa, tem-se somente a impressão que Rice decidiu colocar uma introdução.
A Rainha, Akasha, faz as vezes de uma deusa-vampira egípcia que contrapõe o místico da Antiguidade com a ciência do mundo moderno. Sua posição remete a um feminismo radical, sua própria parte na história junto a outros vampiros anciões pré-data a posição da mulher na formação das primeiras religiões organizadas.
A escrita ainda se apoia pesadamente na literatura de terror gótico e o tom homoerótico que se escalona desde A Entrevista com o Vampiro ganha preponderância no relacionamento entre os imortais.
Esse volume é também rico na formação do universo vampiresco: há os Anciões, as tribos vampirescas, a mitologia em torno da criação. Não é a toa que a WhiteWolf (editora criadora do rpg Vampiro - A Máscara) admite livremente a inspiração em seus livros.