A informação

A informação Martin Amis




Resenhas - A Informação


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jota 06/08/2011

Você está bem informado acerca de Martin Amis?
Primeiro livro de Martin Amis que leio. Amis, juntamente com Ian McEwan (Reparação), Julian Barnes (O papagaio de Flaubert) e Nick Hornby (Alta fidelidade), forma o quarteto de ouro da literatura britânica recente.

A Informação é sobre escritores e literatura. Mas não é um livro muito fácil de ser lido ou que pode agradar a todo tipo de leitor (entende-se perfeitamente as avaliações duas e três estrelas que os leitores deram; poucos leitores, de fato). Pelo contrário. Especialmente quando um dos personagens, com a mente esfumaçada pela maconha (às vezes por cocaína também; outros personagens consomem crack ou bebidas alcoólicas) que consome, devaneia descontroladamente.

Informação aqui é todo conteúdo passado através de livros, jornais e revistas, programas de televisão, filmes, músicas e igualmente através da roupa que se veste, da comida que se come, do lixo que se deposita nos sacos pretos de plástico, dos lugares aonde se vai, das pessoas que se frequenta, etc. Mas o foco do livro é a rivalidade que rola entre os personagens principais, dois escritores: Richard Tull (com vários livros inéditos, vivendo praticamente de fazer resenhas das obras dos outros) e Gwyn Barry (escritor reconhecido).

Um acontecimento marcante logos nas primeiras páginas: pela primeira vez na vida Tull dá um tapa no rosto do filho Marco (são dois, os gêmeos Marco e Marius) por uma traquinagem que em outra ocasião ele passaria apenas um pito no menino. O motivo de tamanha irritação? Tull acabara de ler no jornal de domingo que o livro de Gwyn Barry, “Amelior”, tinha aparecido na lista dos mais vendidos, na nona posição. Acredite.

A Informação é um livro cativante, pelo menos durante vários capítulos e algumas passagens. Alguém pode conceber o sisudo Franz Kafka carregando pelas ruas de Praga um aspirador de pó para ser consertado? Richard Tull, escritor (ou resenhista) imaginativo pode (com a ajuda de alguma maconha). Embora ressalve que talvez no tempo de Kafka o eletrodoméstico ainda não existisse. Ao lado de diversos problemas domésticos (o aspirador de pó quebrado é apenas um deles, de pouca monta) e outros mais sérios, dentre eles os profissionais, ele encontra tempo para fazer graça, para rir da própria desgraça (riso amargo, bem entendido) de não fazer o sucesso que seu amigo (ou seria inimigo cordial?) Gwyn Barry faz.

O livro de Gwyn faz sucesso nos EUA e a agente deles programa uma viagem para divulgação maior de “Amelior” no país. A acompanhá-lo, (pois estava precisando de dinheiro para pagar seus fornecedores de maconha e cocaína e outras despesas mais, embora um tanto humilhado a princípo), o “amigo” Richard Tull, que depois escreverá para uma revista literária inglesa acerca da turnê americana do escritor vencedor. As diferenças entre os dois se acentuam já no avião: a passagem de Tull é para a classe econômica e a de Gwyn para a primeira classe. Gwyn é recebido na América como uma estrela literária; Tull fica matutando acerca de tudo que o desagrada no país. Seu livro, "Sem Título", é lançado nos EUA por uma pequena editora. Numa livraria de Miami há dois exemplares à venda. E Tull diariamente telefona para lá, com voz diferente, para saber se alguém adquiriu ao menos um dos exemplares...

De volta a Londres, Richard Tull, o covarde erudito, depois de recorrer diversas vezes a meios e indivíduos ignóbeis para prejudicar Gwyn Barry, mais e mais corroído pelo despeito e pela inveja, tenta a última cartada para prejudicá-lo de vez: reescreve o livro de Gwyn, "Amelior", muda algumas passagens e diálogos, inventa um escritor desconhecido como autor dessa obra que intitula "Tropeçando em Melões", etc. tudo para que possa, através de um editor devidamente enganado, fazer com que Gwyn Barry seja acusado de plágio - a tal obra teria sido editada em 1953 e seu autor desaparecido da cena literária logo em seguida, etc. Mas o golpe final de Richard dará certo? Só lendo para crer...

Na inexistência da nota 3,8, vai 4,0 mesmo.


Kleber.Tiago 29/03/2016minha estante
Começando o romance agora e tou gostando. Estopu empolgado.


jota 21/05/2023minha estante
Puxa vida! Escrevi esses comentários em 2011, estava relendo agora porque Martin Amis morreu dois dias atrás (em 19 de maio de 2023), nem completou 74 anos, uma pena.




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