spoiler visualizarRafael 14/08/2021
Cornwell brilhante novamente
Esperar um bom livro de batalhas vindo da mente de Bernard Cornwell é uma aposta certeira. E isso ocorre em Traidor, segundo livro da quadrilogia As Crônicas de Starcbuck, onde o leitor acompanha a vida de Nataniel Starbuck, um rapaz que abandonou os estudos para se tornar um presbítero no Norte e que acaba se tornando um soldado no Sul dos Estados Unidos. Ambientado durante a guerra de Secessão Americana, a história nos carrega até Richmond, na época capital dos Estados Confederados.
Um dos pontos que mais me “encucou” desde o primeiro livro da obra foi o fato de que porque catas d’água o autor colocou o herói da história no sul, haja vista que, pelos estudos nos tempos da escola, o sul foi marcadamente escravista. Contudo, Cornwell transmite esse pensamento sulista, haja vista os personagens demonstrarem seus preconceitos para com os negros, sendo esses escravizados ou livres, bem como demonstra que tal pensamento também estava presente nos soldados do norte. (Alerta de Spoiler) Em uma das passagens, enquanto o exército nortista era aclamado pelos negros como seus libertadores, o general McClellan faz um comentário do tipo: Se a guerra fosse para libertar esses crioulos, eu nem sairia de casa. Estamos aqui para retomar a ordem. Ou seja, a ideia de um norte libertador e que prezava pela igualdade dos negros em sua maioria é questionada pelo livro.
No mais, Cornwell mostra também a rede de espiões, que enviavam informações constantemente para o norte, e como eram as penas quando um desses era capturado. Ademais, por o principal espião ter sido descoberto e morto e o norte ficar sem informações confiáveis, a batalha acabou sendo vencida pelo sul, mesmo esse estando em desvantagem numérica e com defesas enfraquecidas. Ou seja, o norte poderia ter acabado com a confederação ali mesmo, mas pela cautela e por imaginar que Richmond estaria lotada de soldados (e o protagonista da obra contribui diretamente para isso) acabou que a máxima: “Jamais superestime seu inimigo.” definiu o curso da batalha.
Recomendo a obra para todos que gostam de uma boa batalha e que queiram saber um pouco mais sobre a história da Guerra Civil Americana, haja vista que, mesmo tendo uma parte fictícia, Cornwell se baseia fielmente em documentos históricos para construir sua trama.
A edição é da Editora Record, possui papel pólen com boa qualidade e a capa é mole, mas tem o aspecto de um papel couchê, o que deixa a mesma bem bonita.