Evy 30/12/2017
"Minha pena curará, não machucará."
Era uma vez uma menina silenciosa que vivia para suas descrições do que via ao seu redor. Essa menina fazia o possível para retratar com todo o significado as maravilhas da Senhora Vento, do Bosque de John o Altivo e das belezas da fazenda Lua Nova que seus olhos ansiosos conseguiam captar com tanta lucidez.
A menina cresceu, o seu talento nato amadureceu, e a menina que antes se regozijava em pensar no seu futuro brilhante como uma futura poetisa, começou a colocar esta meta em prática... a fazê-la se tornar realidade. E não apenas suas poesias, mas seus contos e seus florescimentos de futuros livros que a farão se tornar a escritora que ela sempre quis ser.
Esse livro deveria ser lido por todo aspirante a escritor, não há retrato mais fiel das inseguranças, dificuldades, esperanças, vitórias e fé que permeiam o interior de um escritor. A Lucy conseguiu em um livro relativamente fino enquadrar quatro anos de vida da Emily. Anos completos! Descrevendo tudo, em detalhes, o que ocorreu na vida da Emily durante esses quatro anos.
Esse livro, mais do que uma jornada pela vida de uma personagem em seu amadurecimento, é um guia para se ter um olhar completo sobre o que significa ser um escritor, como a própria neta da Lucy disse em uma nota especial para a edição de Emily of New Moon da Sourcebooks, engana-se quem pensa que a Anne é o retrato mais fiel de sua autora, é na Emily que a Lucy demarra um pouco (ou muito) de si, é na Emily que podemos acreditar que vemos a Lucy.
Enquanto eu lia Emily Climbs eu comecei a me lembrar de minhas aspirações, das minhas tardes e noites escrevendo o que viesse na mente, despreocupada com ordens, rimas, ortografia. Eu escrevia pelo prazer de escrever e batia no peito dizendo que um dia, eu seria escritora como profissão. O que aconteceu com aquela garota com esse sonho? O que aconteceu com todos aqueles cadernos cheios da base daquele sonho? Quando aquela garota perdeu o “lampejo” (como a Emily descreve tão perfeitamente) que se orgulhava tanto de ter?
E foi aí que Emily Climbs deixou de ser apenas entretido e virou um espelho em que depois de tantos anos eu consegui ver de novo aquela garotinha que deixou de lado um sonho e com ele um pouco de si mesma que ela nem se lembrava mais que perdeu, e isso foi o mais doloroso, ver que esqueci de sonhar sem ao menos me dar conta disso.
Obrigada Lucy Maud por ter posto em palavras essa história, esse espelho para qualquer pessoa com o coração de escritor.
Quotes favoritos:
“O medo é uma confissão de fraqueza. O que você teme é mais forte que você, ou você pensa que é, senão você não teria medo.”
“Uma pessoa perde tanto quando se torna incrédula.”
“Ora, eu me senti como uma águia jovem, voando para o sol! Todo o mundo estava diante de mim para que o visse e aprendesse, e triunfasse nele. O futuro era meu – e o passado, também. Eu senti como se sempre houvesse estado viva aqui – como se eu compartilhei de todos os amores e vidas da velha casa. Eu senti como se eu fosse viver sempre – sempre – sempre – eu estava certa da imortalidade então. Eu não apenas acreditava nela, eu a sentia.
[...] No banquete de êxitos da vida, eu posso não ser a convidada de honra, mas estarei entre os presentes.”
“Eu não vou amar, amar é converter-se em escravo”, eu disse.
E no minuto que eu disse isso eu fiquei envergonhada de dizer – porque eu sabia que tinha dito aquilo para soar inteligente. Eu não acreditava realmente que amar significava converter-se em escravo, ao menos, não com Murrays. Mas Dean me levou a sério.
“Bem, uma pessoa deve ser escravo de algo neste mundo”, ele disse. “Ninguém é livre. Talvez, depois de tudo, filha das estrelas, o amor seja o mais benigno amo, mais benigno que o ódio ou medo ou necessidade ou ambição ou orgulho. [...]”