A Coluna Prestes

A Coluna Prestes Nelson Werneck Sodré




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Roberto 06/06/2021

Nelson Werneck Sodré foi general do Exército Brasileiro, além de historiador ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Nesta obra, ele analisa o desenvolvimento de um dos mais importantes movimentos políticos do país: a Coluna Prestes.

O autor inicia sua obra localizando a Coluna dentro do contexto mundial da crise do capitalismo do pós Primeira Guerra Mundial e do contexto nacional de modernização da sociedade, com a ascensão da burguesia, por meio de sua vertente pequeno-burguesa, a partir do ensaio de industrialização e de urbanização brasileiras do período.

A contradição dialética entre as leis vigentes no início da República e as práticas coronelistas ainda existentes foi um dos elementos que desagradaram a pequena-burguesia, que teve no Tementismo uma de suas expressões, já que a baixa oficialidade que o compunha pertenciam àquela classe. A vitória de Artur Bernardes sobre Nilo Peçanha nas eleições presidenciais de 1922 foi o estopim do movimento tenentista, que se reformulou na Coluna Prestes.

Após uma análise mais teórica, Nelson Werneck Sodré narra o percurso da Coluna Prestes pelo interior do Brasil, desde sua formação no Paraná - com a junção do grupo liderado pelo capitão Luís Carlos Prestes com a coluna tenentista de São Paulo que, ao ser derrotada, bateu em retirada para o Sul do país - até sua dissolução, com o exílio de parte de seus líderes e membros nos países irmãos da América do Sul. O rompimento do cerco imposto pelas tropas federais com a travessia do Rio Paraná em direção ao Paraguai, o retorno ao Brasil no Mato Grosso, a marcha da Coluna pelos Estados do Centro Oeste, do Norte e do Nordeste, as brilhantes manobras militares, as vitórias e os reveses do movimento são muito bem esmiuçados no livro.

A adesão de muitos populares ao movimento revelou a insatisfação também dos mais pobres com a situação vigente na República Velha. O cenário de desolação algumas vezes descrito no livro retrata o motivo dessa insatisfação. Após resistirem bravamente por três anos às forças oficiais e a bandos de mercenários contratados pelos coronéis, após percorrerem os rincões do país tentando angariar apoiadores na sua luta contra o status quo, já sem armamento, munição, comida e até vestimenta, os revoltosos decidiram se recolher.

Não creio que possamos dizer que a Coluna Prestes foi derrotada, pois ela agitou a política do Brasil, mobilizando parte de nosso povo na luta pela melhoria de suas condições de vida. Mais para frente, a Revolução de 1930 contou com a participação de vários tenentistas e representou um baque (mas não uma derrota) para o domínio dos coronéis e sua política, representando o aprofundamento da modernização econômica e social do país.
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