SahRosa 25/05/2016
Resenha Exclusiva do Blog Da Imaginação à Escrita
Os Humanos foi um livro que li sem expectativa, li algumas resenhas boas dos colegas blogueiros, que elogiam a obra de Matt Haig, no entanto, eu ainda tinha aquela pontinha de dúvidas, talvez pelo fato de que um dos gêneros presentes em Os Humanos, mesmo que pouco, ainda me dá certa indiferença, mas quando a editora anunciou a publicação, dando destaque ao livro, fiquei curiosa, além disso, me pareceu um livro diferente dos que costumo ler e resenhar no blog. Conforme os dias foram passando e a leitura foi fluindo, me vi apegada a trama de Matt, que traz muito mais que apenas relatar a visita de um extraterrestre e sua missão macabra. Os Humanos é um enredo que traz reflexão e sensibilidade, além de muitas outras mensagens, é aquele tipo de livro que você começa a ler e não para, em que os personagens te cativam e no final, você percebe que está em mãos de uma obra ótima!
Andrew Martin, um renomado professor, descobre a solução para um enigma que tem deixado muitos estudiosos perplexos, a Hipótese de Riemann. A resposta para esse mistério elevaria a humanidade em um patamar glorioso, seria o início de uma nova era, no entanto, em outro lado do Universo, a descoberta de Andrew, traz uma preocupação, se os seres humanos estiverem em posse desse segredo, toda a vida da galáxia estará ameaçada, até mesmo a da Terra, afinal, os humanos só vivem pela violência e ganancia, são corruptos e não se importam em destruir e conquistar outras civilizações. Está foi a certeza que os Anfitriões mostraram a “Ele”, e o escolheram justamente para dar um fim em tudo que fosse ligado ao professor Andrew, ninguém poderia provar a Hipótese de Riemann, ou tudo estaria perdido.
Ciente de sua tarefa, “Ele” chega a Terra em forma de Andrew Martin, e precisa destruir todas as provas, estudos e pessoas que tiveram contado com o professor. “Ele” não escolheu essa missão, na verdade, não queria nem mesmo ter vindo, preferindo ficar em Vonadoria, um mundo utópico, sem dor, maldade, tristeza, aonde tudo fazia sentido, bem, pelo menos foi o que “Ele” acreditava. Em forma de Andrew, o visitante começa a enxergar uma beleza exótica na Terra e nos humanos, por mais que sejam seres primitivos, que ainda estão caminhando e evoluindo devagar, há algo de diferente. “Ele” percebe o quanto o ser humano pode amar, o quanto a poesia, música e pasta de amendoim podem lhe fazer feliz, um conceito tão estranho até então. “Ele” jamais teve uma família, alguém que cuidasse de seus ferimentos ou dores, que estivesse presente, e junto com Isobel e Gulliver, “Ele” entende que tudo que seus iguais pensavam sobre os humanos está errado, será que agora “Ele” estaria disposto a cumprir sua macabra missão? Mesmo que isso seja a salvação de sua espécie e talvez dos humanos, como “Ele” conseguiria agora que entendia um pouco mais sobre a vida na Terra?
Com uma narrativa fluida, facilmente o leitor é envolvido no relato do visitante, Os Humanos possui uma narração em primeira pessoa, mas diferente do convencional, “Ele” está relatando sua história para os da sua espécie e este foi um ponto ótimo em relação ao livro, pois assim podemos ver a trajetória, os medos, receios, dúvidas e sentimentos que “Ele” começa a ter, até mesmo quando se apaixona e começa a compreender o sentido de se preocupar com seu semelhante. “Ele” é um personagem sem nome, na verdade, e Matt dá vida a um ser que até então, não gostava da Terra, sentia repulsa pelos humanos, mas começa a aprender muito e percebe que há sentido na vida da Terra, essas reflexões que “Ele” começa a ter, rebate no leitor e se engana quem pensa que isto pode tornar a leitura lenta ou chata, pelo contrário, a trama de Os Humanos é tão boa, cativante, simples, mas ao mesmo tempo cheia de significado e isto é o que mais gosto ao ler um livro.
O final é melancólico, doce e esperançoso, acredito que a mensagem principal do livro seja essa, esperança, somos humanos, somos imperfeitos, comentemos erros, mas há beleza e amor na imperfeição, foi isso que “Ele” compreendeu e por conta disto, fez uma escolha difícil para os olhos de sua espécie, mas que no fim, recompensadora. Matt criou uma trama tão deliciosamente sensível e de fácil compreensão, ao mesmo tempo que é profunda. Eu realmente me surpreendi com Os Humanos, que vai muito além de uma ficção, ou de um romance com toques científicos, ele traz questionamentos para o leitor, surpreende a cada relato do protagonista, que descobre a magia na poesia, nos livros e na música, o sentido de amar e ser amado, de se sentir querido, sem dúvidas é uma leitura que mexe com o leitor de uma maneira única.
Para finalizar a resenha, vou falar um pouquinho da edição. A capa é bonita e acredito que traduz bem o livro, a diagramação é simples, as folhas amareladas, fonte agradável para leitura, não encontrei erros de revisão aparentes. Por fim, recomendo a todos, principalmente para você que busca uma leitura diferente e envolvente.
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