Natália Tomazeli 09/08/2021O primeiro livro de feminismo publicadoEssa vai ser uma resenha um pouco atípica. A começar que ela não vai iniciar com algum trecho do livro como eu sempre faço (já que eu já esgotei muito o repertório dessas frases porque postei elas em tudo quanto é lugar na época que eu tava lendo) e também porque vou falar o que vier na minha cabeça mesmo, algo mais pra deixar registrado aqui um pouco do que eu achei dessa leitura.
Depois de tantos meses que conclui o livro, notei que não tinha feito uma "resenha" propriamente dita em basicamente nenhuma rede, nenhum local. Isso se deve porque na época que eu estava lendo, eu basicamente só falava sobre esse livro (porque foi um livro muito impactante e edificante pra mim, mas já falo mais sobre isso) e fiz realmente bastante conteúdo sobre ele, mas quando finalizei nunca escrevi de fato algo mais "oficial" porque eu acho que já estava cansada, talvez? Ou saturada de só falar do quanto esse livro ainda é atual no nosso contexto.
Porque sim, ele ainda é, infelizmente. E muito! O que é assustador! Em "Reivindicação dos direitos da Mulher", Mary aborda com frequência uma questão muito crucial: a educação para mulheres!
E penso que ainda sim, no século XXI, isso é uma grande batalha para nós mulheres como classe (vide toda a trajetória de Malala Yousafzai que prova isso de uma maneira escancarada) e esse contraponto foi algo em que pensei muito durante a leitura, pra falar a verdade foi no que mais pensei. Eu acho que isso naquela época era algo importante, óbvio, mas segue sendo uma urgência até os dias de hoje. É incabível? É! Mas é a realidade que não podemos negar.
Outra coisa que achei incrível no livro, foi o jeito que Mary se articula em seus posicionamentos. Ela é muito clara e ao mesmo tempo muito ácida. Pra quem não sabe, ela foi mãe da Mary Shelley, a escritora do livro "Frankenstein". E ela foi uma figura muito ativa em movimentos anti escravidão, além do ativismo feminista. Ela foi uma pessoa muito importante pra sua época, ao meu ver, então é muito interessante acompanhar as palavras dela e também seus pensamentos sobre o mundo da época.
Ela fala muito sobre filosofia também. Cita Rousseau, que a gente descobre que não era um cara tão "prafrentex" assim e aborda também milhares de coisas sobre a humanidade das mulheres, suas individualidades como seres completos, e não como um fragmento defeituoso dos homens, que precisa ser completo por ideias e atividades que esses homens inventaram.
Comecei o livro achando que não ia aproveitar nada da leitura, por ser um livro antigo demais achei que ia estar defasado, e no fim da leitura vi que não era nada disso e fui completamente arrebatada! Aprendi demais com essa leitura! Acho um livro muito completo, claro, tem seus defeitos e algumas coisas que realmente não cabem mais aqui na nossa época, mas acho que é leitura obrigatória para quem está estudando feminismo (como eu).
Enfim, acho que eu falei tudo o que lembro, quando li fiquei muito impactada mesmo com essa leitura, mas hoje que faz muito tempo, isso ficou um pouco amortecido, já que li outros livros feministas com perspectivas ainda mais "chocantes" ou abrangentes. Mas considero um dos livros de teoria feminista mais importantes que eu já li até agora.