Teo 08/03/2022
Sobre o livro Vozes de Tchernóbil:
Há semelhança em como a escritora Svetlana Aleksiévitch e o documentarista Eduardo Coutinho seguem enquanto propósito de comunicação, ela na literatura, ele, em documentários, no modo como os personagens são protagonistas de suas histórias e, também, do mundo. Todos, impreterivelmente, são protagonistas.
Em Vozes de Tchernóbil Svetlana oferece o palco para que aqueles afetados pela tragédia da usina nuclear de Tchernóbil possam relatar, desabafar e se lamuriar por como suas vidas foram afetadas pelo ocorrido, além das vidas de seus familiares, amigos, conhecidos e amores. O amor é personagem constante nas histórias, sendo citado nominalmente ou não.
As entrevistas têm uma sequência definida iniciando por quem teve contato direto com a central nuclear em primeiro instante sendo contado por companheiras, passando por aqueles que, embora afetados, tenham relação mais distante com o momento do incêndio da usina. Ler os relatos das crianças é o mais desolador.
As histórias são devastadoras - de diferentes formas - porque mostram, dentre outras coisas, como as pessoas foram privadas de seu direito à humanidade.
Há também uma perspectiva sobre a história do povo bielorrusso e sua cultura, as conexões com Rússia e Ucrânia, a União Soviética e sobre o Stalinismo. Uma das pessoas entrevistadas por Svetlana comenta sobre terem, os bielorrussos, sobrevivido às guerras, ao Stalinismo, mas que, então, veio Tchernóbill.