Luanna.Noronha 26/06/2021Khalil Gibran foi um poeta e pintor libanês que passou boa parte da vida nos Estados Unidos. Provavelmente sua obra mais famosa é o livro O Profeta, é um de meus livros preferidos, escrito em prosa poética. Também há uma animação homônima muito bonita baseada nos poemas e nos quadros do autor.
Espíritos Livres foi originalmente escrito em árabe e esta é uma tradução do inglês para o português, fiquei curiosa para saber se há um tradução direta do árabe e se isso traria mudanças significativas. São apresentadas quatro histórias diferentes nas quais os personagens principais de alguma forma desafiam normas sociais ou religiosas na defesa de valores espirituais. Assim, Gibran sensivelmente nos apresenta um pouco mais das virtudes e também contradições das tradições libanesas. Achei muito lindo, inspirador e tive vontade de cada uma das pequenas histórias se desenrolassem mais. Gosto de deixar no final das resenhas um trecho que gostei, penso que é uma forma de apresentar o tema a linguagem do livro:
"Das profundezes destas profundezas, nós te invocamos, ó Liberdade! Atenta para nós. Emergindo desta escuridão alcançamos as mãos a ti. Assim, considera-nos. [...] Das praias do golfo à orla do deserto, olhos repletos das lágrimas dos corações estão erguidos para ti. Vira-te, ó Liberdade, e nos contempla."
A partir daqui um spoiler: quem já conheça a obra de Gibran, me acompanhe nessa reflexão. Gosto muito das reflexões profundas do autor e entendo que traz uma linguagem simbólica, assim que a chegada de um barco a Orphaleses não se restringe a tal fato objetivo. Assim, a imagem de um profeta que a uma comunidade fala e lhes inspira não necessariamente diz de uma pessoa salvadora, mas pode simbolizar um aspecto interno. Mesmo assim, ao ler o último conto, pensei que seria interessante a narrativa da busca de liberdade como um processo mais coletivo, onde a voz da coletividade fosse a própria profecia ao invés da chegada de alguém de outro contexto.