Mika 29/04/2020Surpreendente!Ukel é um garoto de apenas 10 anos que mora em Gor, uma das cidades do reino de Ayrlia. Em uma tarde onde um grupo de refugiados aparece na cidade, ele conhece Farem, um órfão pouco mais velho que Ukel e Merienir, uma elfa que tem seus pais assassinados pelo corvo negro, um caçador de recompensas que trabalha para o povo e para o rei.
Farem assume a responsabilidade de ajudar Merienir, mas para isso ele começa a cometer pequenos furtos em busca de comida para ambos, o que também impele Ukel a ajudá-los. Anos se passam e agora os conhecemos como Ponto, Punho e Flecha, ladrões perigosos e temidos pelo povo de Gor, chamando até a atenção do Rei, que insiste para que os três trabalhem para ele.
Agora os três precisarão arriscar suas vidas em missões em prol do soberano, sabendo que precisam tomar muito cuidado agora que os inimigos se tornaram outros.
O corvo negro definitivamente foi um livro que me surpreendeu. Vocês sabem o meu histórico com histórias de fantasia, mas resolvi arriscar com essa obra pois seria o meu primeiro nacional do gênero, e estava muito ansiosa para isso. Ainda bem que não me arrependi. Lucas de Lucca sai do óbvio e nos entrega personagens que não são mocinhos, e muito menos fazem a linha de jornada do herói. Ukel sendo o principal é frio, calculista e muitas vezes levado pelo prazer e orgulho em machucar os outros, mostrar que é forte e poderosos àqueles que o temem. Um personagem que ou você ama ou você odeia.
Farem é como um garoto bobo que entrou de supetão nessa história. Lembra Rony de Harry Potter, sem saber direito qual o seu lugar e quais decisões tomar. O fato dele ser apaixonado por Merienir e ela por Ukel é um ponto também que merece destaque na história. O que me levou a gostar muito mais da garota do que todos os outros personagens, visto que ela é a única gentil entre eles, além da mais inteligente e com um senso de justiça incomum. Afinal, eles são ladrões, mas para Merienir a vida reserva muito mais do que roubar pessoas, e é isso o que a torna tão especial, e talvez uma pedra no caminho para os planos de Ukel.
O livro narra toda as aventuras dos personagens e seu crescimento ao longo da jornada como ladrões que eles vão seguindo. Se tem uma coisa que me incomodou aqui foi a narrativa em terceira pessoa. Estou acostumada a ler livro com esse tipo de narração, mas o autor não traz emoção para as falas e nem as cenas, não nos mostra nada além do fatos que estão acontecendo no momento. Isso trouxe mais impessoalidade a obra o que me dificultou a conectar com a história e os personagens, o que também atrasou minha leitura. Porém, acredito que quem estiver mais acostumado a esse tipo de narrativa com certeza não terá esses percalços que eu tive.
Fora isso, o livro é surpreendente. Ele começa de uma maneira lenta, gradual, que segue uma linha reta sem tantos acontecimentos, até que o final chega de repente e você nem percebe. Fiquei muito chocada! mas não surpresa. Oi? É isso mesmo! A reta final realmente nos choca com os plots, mas não foi algo que eu não estivesse esperando vindo de personagens que são pouco confiáveis ao longo da leitura.
No fim, eu tive uma boa experiência com O corvo negro. Queria ter terminado antes, mas acredito que isso só aumentou a expectativa para terminar a obra. O livro retrata o período medieval, e lembra um pouco Game of Thrones devido a ambientação do lugar. Se você gosta do estilo, eu super indico a obra para vocês!