Mary 26/12/2021
Um romance com vingança, amor e perdão
Acho que a essa altura já estou completamente apaixonada por essa família kkkkkkkk
Confesso que fiquei bastante surpresa ao ver que esse era o livro da Morgan, que só tem 18 anos e acabou de debutar na sociedade. O fato de o mocinho ser 12 anos mais velho que ela não me chocou, pois já vi relacionamentos com uma diferença de idade até maior e se dão muito bem. Entretanto, para isso ser possível eles precisam ter uma maturidade equivalente. E vi isso em Morgan Bedwyn, que apesar de ser jovem tem sua personalidade própria, não abandona seus ideais e não é uma garotinha afetada e caprichosa. E Gervase Ashford é um mocinho direto que não hesita em dizer a verdade, consegue enxergar a essência de Morgan, diferente de outros cavalheiros que só parecem vê-la como uma ?linda cabecinha? que não deve ser perturbada com assuntos preocupantes.
O livro tem como pano de fundo um possível desfecho para a batalha política entre a Inglaterra e a França, e a aproximação dos protagonistas se dá quando Gervase, o conde de Rosthorn descobre que Lady Morgan é irmã de seu maior inimigo: o Duque de Bewcastle, o homem que ele culpara por ter perdido 9 anos em exílio, em consequência de um escândalo. Gervase começa então uma série de tentativas de flerte com Morgan, com a intenção de gerar burburinhos que cheguem até os ouvidos de Bewcastle, e dessa forma acaba usando Morgan como seu objeto de vingança. O que ele não imaginava era que se arrependeria assim que a conhecesse melhor e passasse então a admirá-la.
Eu curti muito o desenrolar dos fatos e a evolução dos personagens e suas relações. É uma leitura que ensina sobre o perdão, a vingança, o luto e a impotência diante de uma iminente guerra pela paz que só gera o contrário de paz.
O restante dessa resenha são minhas considerações pessoais, destinado a quem já finalizou a leitura desse livro.
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Eu estava ansiosa por essa leitura, pois queria saber como a autora desenvolveria esse romance que nasce de uma sede de vingança do protagonista masculino. No começo não me incomodou porque eles não se conheciam, não havia sentimento. Mas assim que ele passa admirá-la e as motivações do que ele fazia por ela terem como objetivo a pessoa dela, concluí que ele passou a gostar dela, assim como ele mesmo chega admitir. E então me incomodou muito quando eles retornam para Londres, com os nomes já associados devido as cenas em que ele orquestrou para serem flagrados juntos, e ele procura Bewcastle para provocá-lo pedindo a mão de Morgan. Lógico que tal pedido seria negado, e Gervase então, surpreende negativamente ao insistir em usar Morgan como vingança, foi aí que ele caiu em meu conceito kkkkkk
Nesse livro vemos mais uma parte do passado de Wulfric, descobrimos que ele amara uma mulher que não o correspondera e o traíra envolvendo Gervase e o fazendo de vilão. O que alimentou ainda mais minhas expectativas para o livro dele. Vemos também o lado mais emotivo de Wulfric, percebemos mais uma vez que seu ponto fraco é sua família, mesmo com toda sua frieza usada de armadura, ele se abala visivelmente com a notícia da ?morte? de Alleyne. E foi capaz de deixar seus sentimentos em relação à Gervase em segundo plano para aceitá-lo na família caso fosse fazer Morgan feliz, e isso antes mesmo de saber que ele também foi vítima de Marianne.
Um dos pontos altos que esse livro trabalha, a meu ver é a dor e a tensão causados pela guerra. Podemos notar a agonia pairando no ar durante os bailes, a forma como tentam ocultar das mulheres a verdade por julgarem-nas fracas. E isso é intensificado após a guerra quando vários soldados morrem, uns se perdem na floresta e têm suas roupas saqueadas e a maioria que chega vivo está em péssimo estado. Esse foi um cenário importante para vermos a força de Morgan e evolução da mesma, que fora para Bruxelas com a família do capitão Gordon (seu suposto pretendente que lutaria na guerra), não para acompanhá-lo, mas para ver de perto e participar desse fato histórico. Ela acaba então se mostrando muito útil ao se doar para cuidar dos feridos da guerra junto com a Sra.Clark e sua equipe.
Outro ponto muito trabalhado é o perdão, eu mesma aprendi a perdoar o Gervase kkkkkk pois me indignou a cena que Morgan o confronta já sabendo que ele a usara como vingança, eu esperei dele uma atitude diferente. Após essa cena tem uma outra quando ela aceita que os momentos de flerte deles fora cuidadosamente arquitetato e ele não nega, porém ele omite dela que passou admirá-la, que realmente se tornou amigo e que procurou por Alleyne por querer amenizar a dor dela. E é após essa conversa deles que ela tem a ideia de noivar com ele para se vingar quando o abandonasse apaixonado e humilhado.
Ela então viaja com a família para propriedade dele. E lá ela o ajuda a perdoar seu pai por não ter acreditado nele e o mandado ao exílio.
Ela ajuda Marianne a se perdoar por culpar Gervase de abuso, para que sua reputação fosse propositalmente arruinada, e do roubo de uma jóia rara da família para que ele não pudesse pedi-la em casamento.
Ajuda Henrietta a se perdoar por ter sido cúmplice de Marianne ao incriminar seu primo de abuso para acabar com a reputação de Marianne e elas então manterem seu relacionamento secreto.
E ajuda Gervase a perdoar a prima e Marianne, compreendendo que Bewcastle não passara de uma vítima também. E caso nada disso houvesse acontecido, ele não conheceria Morgan.
E por fim nós compreendemos o poder do perdão em liberar o fardo para ambos envolvidos, perdoamos Gervase e passamos então a torcer para Morgan o perdoar, o que ela acaba fazendo quando entende que por mais que a aproximação dele fosse motivada pela vingança eles desenvolveram uma conexão muito além e passaram a se amar, e se não tivesse sido assim eles jamais teriam ficado juntos.
Enfim eu amei, a mary nos cativa muito com os assuntos que trabalha em seus livros. Esses personagens foram ótimos. Morgan é uma Bedwyn, e apesar de não herdar o nariz da família herdou de sobra a altivez, e ela deu seu nome kkkkk foi impossível não ver como ela é cria de Bewcastle quando ela confronta Henrietta e Marianne e arranca a verdade dominando a situação como ele faz. Ela é destemida e dispensa o decoro para agir como manda o coração, capaz de superar a ?morte? do irmão, perdoar e até cuidar de feridos quando teve a chance de fugir. E Gervase nos cativa com sua personalidade, seu humor, sua disposição em ser útil ajudando os feridos da guerra, a forma como se permite perdoar e superar seu passado, a forma como dá seu melhor para agradar Morgan, e claro, seu sotaque Francês kkkkk
E fora os protagonistas também vemos o novo Bedwyn, William de 2 meses, bebê de Rannulf e Judith. Vemos Freyja grávida não abandonando nenhuma de suas atividades ousadas e enlouquecendo Joshua e a cumplicidade de Aidan, Eve e seus filhos adotivos.
O livro não dramatizou muito a reação da família à perda de Alleyne, mas creio que foi estratégia, já que obviamente ele não morreu kkkkk (será ele o cavalheiro que aparece sozinho parado na última cena do livro? Quem era aquele ser? Eis a questão kkkk), agora bora pro livro dele acompanhar seu romance e o reencontro com a família.