Tamirez | @resenhandosonhos 21/08/2018STÂNIX: A Fúria dos DragõesAno passado eu li o primeiro livro em parceria com o autor e repeti o fato esse ano com o segundo volume. Porém, o resultado foi bem longe de ser o mesmo. Apesar da simplicidade da história do primeiro livro, apostei que a trama poderia se desenvolver de forma mais complexa a partir daí, dando bons rumos à história. Mesmo com poucas páginas, certamente o livro tinha potencial para isso.
Nesse segundo volume a história mantém a simplicidade e não dá nenhum passo em direção a evolução, muito pelo contrário, parece se retrair cada vez mais para o infanto-juvenil. Isso não é um problema e tenho certeza que há um mercado amplo para essa idade, o que me incomoda é ver que a história que tinha tudo pra evoluir, permanece estática e básica.
“A verdade era que ele não era um rejeitado, mas sim um predestinado, um escolhido pelo destino.”
Mesmo que o livro seja escrito para um público mais jovem, não há a necessidade de construir uma história tão simples. Quando temos uma trilogia ou série juvenil é normal ver a narrativa evoluir no decorrer dos livros, pois imagina-se que os leitores também estão crescendo com o passar dos anos. A mais prova disso é observar, por exemplo, a série de Harry Potter, onde o primeiro livro é bem mais simples do que o livro final, onde temas bem mais pesados são trabalhados, pois há o entendimento que o leitor que começou muito novo a história também cresceu junto com ela.
E, infelizmente, isso não é o que acontece aqui. Apenas duas coisas soaram interessantes pra mim no livro, sendo uma dela o final, o que é sempre muito importante para influenciar o leitor a seguir em frente, e também, uma revelação dada na segunda metade do livro sobre quem verdadeiramente está por trás da guerra que está sendo instaurada. Essa revelação é um dos poucos momentos onde vemos um pouco mais do mundo sendo desnudado e onde é possível de aprofundar um pouco mais em Stânix.
Basicamente a fórmula do primeiro livro se repete aqui: temos o protagonista aprendendo a controlar seus poderes saindo em uma jornada (mais uma vez), ele e o outro grupo em paralelo enfrentarão dificuldades, conseguirão escapar de todas elas sem grandes méritos, quase sempre sendo salvos “pelo gongo” até que uma descoberta será feita. Essa é a fórmula de milhares de livros e o que os diferencia entre bons e ruins é a costura que há entre esses elementos básicos, que parece não estar presente em Fúria dos Dragões.
Não parece haver evolução dos personagens e há duas pessoas inseridas aqui que não fazem muita diferença para a história. Uma delas servirá para uma traição a outra para um relacionamento que surge de forma instantânea na história, no melhor estilo: não te vejo a anos, largue tudo e vamos ser felizes. Parece que a personagem só foi posta ali para tirar o personagem masculino em questão de um possível triângulo amoroso. Mas, se for levar em consideração que o tom da história é pra ser infantil, talvez esteja ai o ponto, não é mesmo?
Pra mim que indiquei o primeiro livro, foi realmente frustrante encontrar tudo estagnado ou ainda mais simples do que em um primeiro momento. Torci pelo crescimento da história e não vi acontecer, chegando ao final com a decepção estampada no rosto. E, digo pra vocês, é sempre muito ruim não gostar de um nacional, porque parece realmente pesar bem mais do que qualquer outro livro.
Em contra partida aos pontos negativos, o que certamente evoluiu foi a edição. Com seu primeiro volume pela Talentos da Literatura Brasileiro, Stânix mudou de editora e agora está na Arwen. Conhecida por suas publicações nacionais, fez um excelente trabalho com a capa e toda a parte interna. Há ilustrações e o mapa pode ser aberto, conforme mostra as imagens do post, podendo acompanhar a leitura lado a lado das páginas, sem que o leitor precise voltar ao começo do livro para consultá-lo.
A edição parece ter mais páginas pelo trabalho gráfico, mas se retirados todos os enfeites, acaba por ter mais ou menos o mesmo número que o primeiro volume, colocando uma média de 110-120 páginas, o que é relativamente pouco, principalmente se tratando de fantasia. Mas aqui, diferente do primeiro livro, onde minha reclamação envolveu a história ser curta demais, o que me incomodou realmente não foi isso, pois acredito que a narrativa poderia ter se desenvolvido de forma mais interessante no mesmo número de páginas.
O livro não é ruim, mas deixa a desejar pela simplicidade. É tudo básico demais e pra qualquer leitor que tenha um pouco mais que o mínimo de bagagem, é um fator que incomoda bastante. A escrita de Traskini é bem fluída e é fácil passar pela história em poucas horas, sem problemas, porém, o que eu esperava era um pouco mais de desenvolvimento e menos do mesmo que já vi em tantas outras histórias. Pra mim, a fórmula básica não incomoda mais, o que incomoda é não ver os autores tramando suas próprias teias nela e deixando sua marca. Nesse caso, aquele velho ditado do “menos é mais” não se aplicou.
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