jmrainho 11/08/2014
Notícias do Planalto
O jornalista foi Diretor de Redação das revistas "Veja" e "Piauí" e comandou o Roda Viva na TV Cultura. Autor de "Notícias do planalto" (1999), livro que ganhou o Prêmio Jabuti em 2000 e que vendeu mais de 70 mil exemplares.. Atualmente, também é colunista dos jornais "O Globo" e "Folha de S. Paulo". Em 2012 publicou uma segunda edição com um posfácio.
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A obra vendeu mais de 70 mil cópias, segundo a editora. A primeira edição é de 1999. Conti era diretor da revista "Veja" à época do processo de impeachment de Collor, foi um dos fundadores da revista "piauí" e foi apresentador do programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Ele entrevistou 141 pessoas para contar como o presidente que usou a mídia para ser eleito foi tirado do cargo pelo trabalho da imprensa.
Na segunda edição, de 2012, 13 anos depois do lançamento, num posfácio, Conti diz que os repórteres que ajudaram a revelar o funcionamento do governo Collor agora auxiliam políticos em apuros ou trabalham com marketing político.
"Quase todos abandonaram a imprensa", diz Conti. "Quem ontem apontava as dissonâncias entre o marketing e a realidade é hoje marqueteiro."
Ele cita João Santana e Luís Costa Pinto. Santana foi chefe da sucursal em Brasília da "IstoÉ", que descobriu o motorista Eriberto França, que desmontou a versão de Collor ao revelar as contas-fantasmas usadas para pagar funcionários do presidente.
João Santana, agora marqueteiro, comandou as campanhas de Lula em 2006 e a de Dilma em 2010. Hoje trabalha para Fernando Haddad, candidato do PT a prefeito de São Paulo.
Costa Pinto foi o autor da entrevista publicada na "Veja" em que Pedro Collor dizia que Paulo César Farias era o testa de ferro de Collor. Em 2003, ajudou a assessorar o deputado João Paulo Cunha e tornou-se um dos personagens do mensalão. O Supremo discute se ele prestou os serviços pelos quais recebeu R$ 252 mil da Câmara (FSP).
Sem fazer julgamento moral sobre as escolhas dos “jovens e aguerridos” repórteres que investigaram o caso Collor em Brasília, Conti comprovou que hoje esses profissionais já não atuam na grande imprensa. “Esses repórteres, todos, passaram para o lado de lá. Saíram da imprensa, montaram pequenas empresas ou foram trabalhar em grandes empresas de assessoria de comunicação. Viraram consultores, viraram marqueteiros. Todos aqueles que ajudaram a expor, a mostrar para o país, para a população, o que era o governo Collor na realidade, o que não tinha nada a ver com o marketing, fazem [hoje] o contrário. Fazem o marketing e tentam esconder o que os seus empregadores fizeram de ruim, tentam moldar as notícias de maneira a favorecê-los”, disse Conti no Observatório da Notícia.
Ao longo dos últimos 13 anos, o capital na área de mídia foi redistribuído. Houve um expressivo crescimento das agências de assessoria de imprensa e de marketing, que passaram a contar com altos recursos e, assim, atraíram os talentos daquela geração de repórteres. Duas delas merecem destaque: a FSB e a CDN. “Ambas têm mais jornalistas do que a Folha de S.Paulo, que O Estado de S.Paulo, que O Globo. Têm centenas de jornalistas. E essas empresas pegam contas de governos, de empresas, de políticos, de partidos, para ajambrar a imagem deles, mostrar como eles devem se portar na frente das câmeras, como devem dar entrevistas, como devem responder a escândalos, denúncias”, disse Conti.
Em 2000, Notícias do Planalto recebeu o prêmio Jabuti na categoria Melhor Reportagem. O livro virou best-seller
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/62829-nova-edicao-de-noticias-do-planalto-questiona-a-evolucao-do-jornalismo.shtml
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A materia citada anteriormente deixou de citar o jornalista Mário Rosa, na época repórter da sucursal de Brasília do Jornal do Brasil. O jovem Mário Rosa com 26 anos na época, invadiu o Sistema Integrado de Administração Financeira, o Seafi, do governo federal, via um computador, e apurou as irregularidades nas contas da Legião Brasileira de Assistência (LBA), comandada pela Rosane Collor. Fez matéria sobre isso que não teve repercussão mas que originou outras matérias de outros repórteres. Antes do JB, Mário Rosa havia sido um "marajá" (palavras de Conti), como subassessor de imprensa do Ministério da Fazenda, com direito a gabinete, carro e secretária, na época de Francisco Dornelles, que o tratava mal e por isso Rosa pediu demissão. Rumores em Brasília falavam que o próprio Collor, com a intenção de forçar o afastamento da mulher da presidência da LBA - que de fato saiu dois meses depois-, havia determinado que os documentos sobre a atuação da entidade em Alagoas vazassem para Mario Rosa. Rosa havia votado em Collor no segundo turno e dizia-se, gostava do presidente.
Trocando o JB pela Veja, Mario Rosa conseguiu uma fita de Romeu Tuma, chefe da Polícia Federal, onde o Ministro do trblaho Rogério Magri admitia ter recebido 30 mil dólares para arrumar verbas para a construção de boras no Acre, realziada pela empreeiteira Odebrecht. E ajudou na apuração na matéria sobre Paulo César Farias,publicada na Veja e assinada por Lafaiete Coutinho.. E depois a matéria na edição seguinte transcrevendo uma gravação de um telefonema de PC para Sebastião Curió, que precisava de fundos para sua campanha a deputado federal. A fita era evidência que PC cumpria ordens de Fernando Collor.
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Vale a pena assistir a entrevista do Conti no Roda Viva (1999)
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/194/entrevistados/mario_sergio_conti_1999.htm
E também a entrevista dele após a segunda edição, no Observatório da Imprensa, com Alberto Dines:
https://www.youtube.com/watch?v=smWKBYMkLCI
E sua transcrição na página do Observatório da Imprensa:
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/lt_i_gt_noticias_do_planalto_lt_i_gt_13_anos_depois
Trechos da segunda edição:
http://smtp.companhiadasletrinhas.com.br/trechos/13159.pdf
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Mário Sérgio Conti comanda agora o Diálogos com Mario Sergio Conti", programa que iniciou no dia 10 de abril, na GloboNews. As entrevistas são ao vivo e semanais, nas quintas-feiras às 23h.
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