spoiler visualizarAdriana 23/03/2012
Stravaganza - A verdadeira cidade das maravilhas!!
Após ler esta magnífica obra de Mary Hoffman, Stravaganza se tornou um dos meus livros favoritos.
Desde o "casamento com o mar" até a triste doença de Lucien, qualquer pessoa que o lê, aprende muito com os aspectos sociais distintos, de ambos os mundos diferentes.
Deduzo que a obra não é só estonteante pela maravilhosa história, mas também pela capacidade de nos surpreender a cada momento de leitura.
Por mais que os olhos de Arianna fossem violetas, nunca imaginava que ela seria a filha da Duquezza com Rodolfo, e criada na verdade, pelos seus tios. Assim como a leve surpresa da morte da ambiciosa Giuliana, e claro, muito bem-feita, como dublê da Duquezza, morta pelo seu próprio noivo, que acabou a história sem ao menos saber o paradeiro da moça, pensando que a verdadeira Duquezza que havia morrido.
Uma lição que nos mostra onde a ambição, a avareza e a fria maldade pode nos levar. Creio eu que Enrico deve ter enlouquecido com as pratas jogadas pelo povo, que juntou discretamente para si. Um ótimo final para ele. Mas confesso que eu gostaria que ele soubesse que havia matado a própria noiva, e não a Duquezza. E desesperado, se matasse também.
Uma ideia que eu admirei foi a da prata valer mais que o ouro em Bellezza. Tudo foi configurado para ser mais bonito, mais encantador em Bellezza, do que na antiga e atual Veneza, claro, assim como o nome da cidade diz. E de fato, a prata é algo belo, delicado, brilhante e refinado, que dá seu toque nas casas atuais e nos castelos medievais.
Agora quero voltar para a Duquezza Silvia. Confesso que não gostei muito dela ter deixado o ducado, mas adorei o fato de Arianna virar a nova Duquezza de Bellezza. Mas vamos combinar que Silvia era perfeita como a Duquezza. Aparentava elegância, sabia comandar com autoridade, ser severa quando bem entendesse, e ser amorosa na maioria das vezes. Mary Hoffman criou uma rainha perfeita quando criou a Duquezza. A verdadeira mulher alta e elegante, em seus vestidos de veludo de diversas cores e as mais lindas máscaras de cetin, comandando firmemente uma cidade linda e cheia de fogos de artifício nunca vistos por ninguém em nosso mundo.
É surpreendente e quase inimaginável a ideia de Silvia vivendo como uma mulher normal, em Padavia.
Voltando para Lucien, creio que Mary Hoffman tenha pensado nas crianças ou nas pessoas em geral com câncer quando criou o personagem.
É muito caloroso o fato de Lucien, que na Inglaterra atual vivia com o tumor no cérebro e estava bem fraco da quimioterapia, sem cabelos, surgir em Tália sem doença alguma, com o corpo forte como deveria ser, e seus cachos escuros sobre sua cabeça. Esta parte do livro deve reconfortar qualquer pessoa com câncer que o leia, que esteja fraco do tratamento de quimioterapia também, ou de outros tratamentos. Quem sabe ao dormir após a leitura, não entre na maravilhosa Bellezza em seus sonhos? Uma ideia muito bonita da autora.
Mas confesso que não gostei da morte de Lucien em seu mundo. Achei extremamente triste. Não houve tempo para se despedir de seus pais, de seus amigos, de ninguém. Não sei como é, mas imagino a dor de um pai ou uma mãe ao perder seu filho. Me afeiçoei bastante pelos pais de Lucien enquanto lia, e senti muito por eles quando os médicos desligaram os aparelhos no hospital.
Mas é claro que tem a parte boa, que Lucien vive em Bellezza, e o mais importante, sem doença alguma. Um garoto bonito e saudável. Mas deve ser triste não poder mais falar com as pessoas amadas de seu século XXI na Inglaterra, e também perder todos os costumes do século, como nadar em piscinas, navegar na internet, assistir televisão, jogar videogame, tomar banho em chuveiro elétrico, jogar futebol com os amigos, frequentar as baladas, enfim, ter a vida normal que lhe era acostumada em seu mundo.
Deve ser muito difícil se acostumar em outro assim, com todos os meios diferentes. E também muito triste.
É reconfortante que ele continue sendo um stravagante, mas agora pertencente à Tália, um bellezziano, e stravague de vez em quando para a Inglaterra, podendo ver seus pais, e aparecendo para eles.
Talvez, no próximo volume, ele decida falar com seus pais, que obviamente ficarão bem assustados, e conte a verdadeira história do mágico caderno. Com toda certeza, aliviaria toda a dor de Vicky e David ao saber que o filho vivia bem, e sem doença alguma.
Enfim, o livro nos mostra a verdadeira cidade maravilhosa! Quem não gostaria de viver em Bellezza, tomando um capuccino nos cafés e comendo os bolos do avô de Arianna? Sem contar com o frescor daquela época, sem a poluição de hoje em dia, que deixava o lugar mais confortável ainda, cheio de jardins magníficos com suas fontes.
Uma história estonteante que prende o leitor e nos traz imensos interesses. Com certeza não poderia haver um volume só da série. Deve vir mais uns dez por aí, para nos deixar felizes! Haha... Deve entrar na lista do "The New York Times"!! Mary Hoffman deve ganhar um prêmio pela obra, se já não ganhou.